Rubiales está liquidado, perderá o trabalho e a sua reputação (por um ato especifico, um beijo). Que interessa a sua culpa se já está condenado?
Diz-se que vivemos em democracia. Dois dos seus pilares e verdadeiras conquistas civilizacionais são a liberdade de expressão e o Estado de Direito (igualdade perante a lei). O Estado de Direito implica julgamentos justos, nos locais próprios, com direito a defesa… Mas este tipo já está sentenciado e morto.
A associação de mulheres juízes espanholas já proferiu a sentença: «Trata-se de um comportamento sexista sobre o corpo de uma mulher, realizado sem o seu consentimento e num contexto de relações desiguais que afetam a capacidade de reação das mulheres», portanto, despedido e execrado. É esta a célebre ‘justiça feminista’? É isto democrático? Imagine que é julgado por uma destas mulheres num conflito com uma mulher, qual é a sua hipótese?
A FIFA e o Governo espanhol também já condenaram e proferiram a sentença. Só falta uma declaração da ONU. É perturbador assistir a sentenças definitivas sem julgamento que não o do uso de modas, das redes sociais e da turba…Todas as pessoas, dos facínoras aos inocentes têm direito a julgamentos justos, imparciais e a direito de defesa, a recurso das eventuais penas, penas proporcionais, etc…
O feminismo radical tem muito poder mas parece por vezes um grupo terrorista formado num manicómio. Os contos de fadas são machistas, um beijo é uma agressão sexual, vivemos na heterorealidade, etc.…
Nas verdadeiras democracias a justiça não deve ter sexo nem cor e nem ideologia. Ora se há uma vítima ideológica absoluta, o acusado será sempre culpado, nem vale a pena tribunais independentes. Os ativismos são os guardiões do bem e a justiça faz-se na praça pública, nos média e na internet. Estes julgamentos sumários recordam os tribunais estalinistas… Se não te consideras culpado és ainda mais culpado, se te consideras culpado estás a admitir a tua culpa…
Que pessoas razoáveis salivem aos mais básicos estímulos do ódio, assusta.
Recordo a obra Dos Delitos e das Penas de Beccaria que é um marco civilizacional contra as penas como uma espécie de vingança coletiva; a aplicação de punições de consequências muito superiores que os danos produzido pelos delitos, e contra a prática de torturas, penas de morte, prisões desumanas, banimentos e acusações secretas… Hoje já nem se trata de confrontar a eventual prepotência do Estado, mas da obrigação dos últimos democratas de combaterem o sequestro da justiça por particularismos tribais.
O ‘beijo’ é mais uma peça da máquina liberal e esquerdista do progressismo para gerar a internalização em massa de um imaginário de um mundo dividido entre os bons e os maus, neste caso, os homens cruéis e tóxicos e as mulheres vítimas tontinhas e indefesas que precisam de proteção permanente, leis específicas, espaços seguros, etc.. Deste modo Sánchez pode negociar também com independentistas.
Diz Camile Paglia sobre este tipo de feministas como Irene Montero que veem machismo, homofobia e transfobia em tudo e que têm o beneplácito de um tempo de políticos castrados pelo medo e pelo interesse: «O discurso não é assim tão distinto da propaganda fascista da II Guerra Mundial, basta atender aos estudos de género que são mera propaganda e nada têm de disciplina académica»…