Desde o ano de 2015, quando Portugal iniciou a exportação de animais vivos para o Médio Oriente e, posteriormente, para Marrocos, que os efeitos sobre a produção pecuária e em toda a economia agrícola associada não paravam de crescer.
Desde logo permitiu que os criadores pudessem começar a produzir por objetivos sem estarem permanentemente sob a exposição da sazonalidade, tendo apenas dois picos de valorização do seu produto: o Natal e a Páscoa, essencialmente. Tal possibilita-lhes agora criar com garantia de venda durante todo ano, assegurando a continuidade na produção. É, pois, uma mais-valia muito significativa existir num mercado tão competitivo uma estabilização dos preços por carcaça em toda a cadeia, no mercado interno e externo, no pequeno ou grande produtor.
Produzir com qualidade, apresentando um produto excelência, seja nos ovinos ou bovinos, que respeita integralmente as crenças religiosas na produção e no abate são parte da justificação para o contínuo aumento das exportações há mais de 7 anos.
Os consumidores reconhecem e elogiam o nosso método de produção, pois as nossas raças autóctones respeitam e preservam a biodiversidade, sendo criadas em extensivo e coabitando com a fauna e flora de regiões tão despovoadas com o Alentejo, onde a economia rural é vital para o seu desenvolvimento.
É muito frequente ouvirmos apregoar e defender a biodiversidade, a necessidade de manter e proteger as raças autóctones. Sim, é uma evidência, mas também é preciso dizer, com a clareza de quem conhece a realidade do mundo rural, que as raças de ovinos, como seja o merino branco ou a campaniça, estariam em risco de extinção ou existiriam apenas num qualquer parque zoológico não fosse esta oportunidade dada pelo mercado da exportação.
No entanto, a responsabilidade e os desafios aumentam a cada dia para todos: produtores, operadores comerciais e logísticos e responsáveis. Esta fileira está sob o olhar atento de muitos e é preciso respeitar e assegurar o cumprimento integral de todas as normas do bem-estar animal e das regras de produção em modo biológico.
O impacto que se fez sentir no enorme aumento dos custos de produção (quer seja no aumento das rações ou da energia) teria sido trágico para a nossa produção pecuária e para o mundo rural não fosse o ‘milagre’ de 2015.