Aos 102 anos, o filósofo francês Edgar Morin foi convidado de honra da conferência que celebrou o 27.º aniversário da CPLP e que decorreu em Lisboa, na segunda-feira. «Atentem no maravilhoso progresso da técnica e da ciência… Vão dar-nos a imortalidade, ou pelo menos vão dá-la a uma elite, que detém o poder ou o dinheiro. Vão dar-nos a possibilidade de estarmos sossegados, porque a Inteligência Artificial vai ocupar-se de todos os problemas materiais e técnicos, e nós podemos começar a preparar as nossas viagens à Lua, aos planetas», começou por afirmar no seu discurso de 30 minutos, acrescentando que «é aquilo a que se chama transumanismo».
Combatente no nazismo, o filósofo defendeu que «precisamos de saber viver na incerteza». «Sabemos que todos os grandes acontecimentos mundiais são inesperados, que Hitler encetou a invasão da Rússia, pensando que a iria reduzir à escravidão e acabou por levar à sua queda», exemplificou. Portanto, acredita, é esta ideia e este princípio do pensamento complexo a que chama «a ecologia da ação». «Ou seja, a ação nem sempre corresponde à intenção de quem a decide, mas depende de tudo o que vai encontrar no meio em que se vai desenvolver-se, vai encontrar obstáculos e, por vezes, a ação, vai recair naquele que a desencadeou, como um boomerang».