Por Aristóteles Drummond
O Presidente Lula vem num preocupante crescer em acertar contas com o passado ligado aos militares, aos conservadores, ao Judiciário, que o condenou em várias instâncias e o manteve preso por mais de um ano, e a Bolsonaro. Agora investe institucionalmente contra os militares ao apresentar projeto que veda a participação deles em eleições. Para ser candidato, o militar que tiver tempo pede reforma; quem não tiver, abandona a carreira. A tradição política em todo mundo tem sido eleger militares, desde os dois primeiros da República, a Hermes da Fonseca e Eurico Dutra, eleitos diretamente, aos candidatos derrotados Brigadeiro Eduardo Gomes, aos marechais Juarez e Lott, e aos cinco eleitos pelo Congresso Nacional. Entre parlamentares, há centenas nestes 134 anos de República. Hoje, os militares seriam cerca de 8% dos 590 parlamentares do Brasil.
Militares são recorrentes nas democracias, e em regimes autoritários. Portugal teve o Marechal Carmona, eleito, o General Delgado, derrotado, e depois do 25 de Abril, Costa Gomes, António Spínola, Ramalho Eanes. A França teve De Gaulle; os EUA, Eisenhower, a Argentina, Perón, e até Chávez, da Venezuela e amigo de Lula, era militar e gostava de se apresentar fardado. Agora é demonizar os militares, expulsar os mais ligados a Bolsonaro, que cumpriam ordens em assuntos pessoais do presidente a que serviam e outros que apenas ouviram as tratativas delirantes para anular eleições, mas nada fizeram. Haverá tensões daqui para frente.
VARIEDADES
• Outro objetivo de Lula é ver se aprova no Congresso a anulação do impedimento de Dilma. Impossível, pois 40% dos parlamentares atuais votaram na ocasião pelo afastamento dela.
• Mesmo tendo criado quase 20 ministérios para abrigar aliados, o Governo Lula quer criar mais um, o ‘das pequenas e médias empresas’, que seria o 38.º.
• Na cadeira do académico Alfredo Bosi, falecido recentemente, fala-se na eleição de ‘um índio, que falta na casa de Machado de Assis’. A historiadora Mary Del Priore, autora de 40 livros, é candidata. Mas não é índia, nem negra, nem homossexual, o que a deixa com poucas chances. O escolhido com obra publicada é Daniel Munduruku. O escritor é militante dos movimentos negros e LGTBQ+.
• O Supremo Tribunal tenta legislar ao considerar que a contribuição sindical seja compulsória e não apenas aos que desejam se filiar a sindicatos. O sindicalismo tinha orçamento com base na obrigatoriedade que foi abolida no governo anterior, aprovada pelo Parlamento.
• Preta Gil, filha de Gilberto Gil, mudou-se para São Paulo para tratar de um cancro. Sua doença emociona os admiradores.
• Invasões de propriedades rurais preocupa. Durante o governo Bolsonaro, em quatro anos, foram 61 invasões. Nos seis primeiros meses de Lula da Silva, 62.
• O Brasil pode vir a adotar o sistema de Tax Free, para compras de turistas estrangeiros. Um terço deles são argentinos.
• Heitor dos Prazeres, pintor naif morto em 1966, ressurge como estrela na SP Arte, com grande valorização.
• Há muitas especulações sobre o que teria levado a Embraer a não investigar a causa da queda de seu avião na Rússia. É praxe que os fabricantes procurem saber o motivo dos acidentes. A mídia ignorou o fato.
Rio de Janeiro, setembro de 2023