Bruno Graça Coelho. “Vim de uma pequena aldeia, mas acabei por me tornar do mundo”

“As notícias de Portugal não são muito animadoras, mas tenho a ambição de ajudar o meu país”, diz Bruno, acrescentado que espera “voltar”.

Nasceu a 3 de junho de 1988 na cidade de Tomar, mas foi criado numa pequena aldeia – onde todos se conhecem – em Ferreira do Zêzere. Sempre nutriu uma grande curiosidade pelas novas tecnologias. Decidiu ir para o Instituto Superior Técnico estudar Redes de Comunicações, quando chegou a altura de enveredar pelo Ensino Superior, tirou o mestrado mas, depois, tornou-se «um verdadeiro geek» e decidiu que tinha de aprender o máximo nos diversos contextos.

Bruno Graça Coelho, hoje com 35 anos, juntou-se então à EY, durante sete anos, uma consultora, e trabalhou na área da tecnologia. «Enquanto aprendi, quis ficar no mesmo sítio, desenvolver-me enquanto pessoa e profissional. Vim de uma pequena aldeia, mas acabei por me tornar uma pessoa do mundo. Fui para um projeto internacional em Angola durante um ano e meio. Depois, voltei para Lisboa e tive a oportunidade de trabalhar três meses em Itália, no Reino Unido, na Turquia e na Sérvia», conta, em declarações à LUZ. «Portanto, tive grandes experiências e trabalhei em diversos contextos. Após ter trabalhado tanto no exterior e na Europa, particularmente, voltei para Portugal e senti falta de desenvolvimento. Decidi emigrar para a Alemanha e, aí, estive praticamente dois anos».

«Juntei-me à Allianz e, aí, assumi a responsabilidade de ser product manager. Fui responsável pela plataforma que vende seguros online – automóvel, de viagens, para casas -, que servia a Alemanha, a Itália e a Holanda. Abrangia 2.3 milhões de clientes e liderava uma equipa de 25 pessoas. Mudou a minha perspetiva sobre a forma como a tecnologia pode ser aplicada ao mundo dos seguros. Entretanto, a Allianz, nos EUA, era uma porta que se começava a abrir e perguntou-me se estava interessado em transferir-me para lá. Estavam a criar um departamento de consultoria interna para servir o mercado da América do Norte e, como eu tinha experiência de consultoria externa, viram-me como um bom candidato», explica, adiantando que foi transferido com um colega e criaram aquela área.

«Sou responsável por uma equipa de 18 pessoas, pois o meu colega entretanto saiu. Vivi durante dois anos em Nova Iorque e, recentemente, no início deste ano, mudei-me para Chicago. Estou a tirar um MBA em Business Administration na Chicago Booth School of Business para estar entre os melhores. É a escola com mais professores com Prémios Nobel no mundo. Vivo nesta cidade há quase um ano com a minha esposa e tem sido life-changing», narra. «Era isto que queria para a minha carreira. Agora a minha responsabilidade começa a mudar porque tenho toda esta experiência, todo este conhecimento e tenho de os transformar em algo».

«As notícias de Portugal não são muito animadoras, mas tenho a ambição de ajudar o meu país e as minhas pessoas. Espero voltar», diz, apesar de reconhecer que «tudo depende dos desafios». Mas, primeiro, quer trabalhar numa «empresa puramente americana», pois «são muito mais dinâmicos». «De todos os países pelos quais passei, identifico-me mais com os EUA. As pessoas têm uma energia diferente: não têm medo do futuro. Investem, acreditam e fazem. Há uma esperança distinta», frisa. «Não têm problemas em cometer erros: cometem-nos e evoluem. Tudo isto acontece extremamente rápido», declara Bruno. «Why not? Porque é que x ou y não é possível? Quando se está em ambientes como o da Chicago Booth, com as pessoas mais inteligentes do planeta… Percebemos que tudo se pode fazer! Isto só acontece nos EUA, ‘the land of the free and the home of the brave’, como nos ensina o hino», finaliza.