Nos últimos anos, com o reconhecimento das alterações climáticas como fenómeno global, difundiu-se um modo de protesto, por parte dos jovens ‘ativistas climáticos’. Integrados nos partidos da vanguarda antissistema, os quais, acreditando que estão a salvar o mundo do apocalipse, se julgam acima da Lei.
Os protestos destes ativistas ou radicais assumem diversas formas.
Um pouco por todo o mundo, colam-se a obras de arte para chamar atenção para as suas causas, esquecendo normalmente que aquelas obras de arte representam do melhor que o espírito humano produziu ao longo de milhares de anos de existência.
Outra forma de protesto que encontram é colando-se ao chão nos mais diversos locais, ocupando um espaço que não é seu, acreditando que se podem impor livremente aos outros.
Por cá já tivemos alguns episódios como estes, alguns deles envolvendo a pretensão de acreditarem serem os únicos que se preocupam com o futuro do planeta e da Humanidade, pretendendo representar a vanguarda da sociedade contemporânea.
Interromperam um evento privado onde estava o ministro da Economia.
Invadiram e colaram-se ao chão do Ministério da Economia.
Bloquearam o acesso ao edifício onde devia reunir o Conselho de Ministros.
Num outro caso, o líder da JS de Oeiras, depois de insultar o Executivo Municipal numa sessão da Assembleia Municipal de Oeiras, dirigiu-se à bancada do Executivo deitando uma nota de 10 euros, de modo a reforçar o orçamento municipal no combate às alterações climáticas.
Nesta semana, os detentores da verdade e acima do bem e do mal, invadiram uma conferência da CNN onde estava o ministro do Ambiente, agredindo o ministro com sacos com tinta verde, protestando contra a presença do ministro num evento com apoio de empresas do setor energético.
Tudo isto é possível e tudo isto é tolerado porque os pobres ‘jovens radicais livres’, estão a chamar atenção para uma causa maior, e porque querem salvar a Humanidade de si própria.
Na realidade, tudo isto é tolerado porque a larga maioria da classe política, bem como as demais instituições, vivem num estado de rendição cobarde perante o politicamente correto. Os políticos são insultados ou objeto de insinuações e têm medo de reagir. O medo é o pior conselheiro dos decisores.
Os governos, e o Presidente da República, têm sido particularmente responsáveis pela instalação deste estado de coisas. Portugal é um país absolutamente condicionado por estes grupos, e pela mão que lhes embala o berço.
Parte substancial do bloqueio das decisões nacionais passa pelo condicionamento público imposto (com forte apoio das redações), e esse condicionamento aflige a nossa sociedade de medo. Ontem foi público que 40% dos juízes admitem ser condicionados pela comunicação social. Quantos dos 60% restantes ainda não dizem verdade?
Ao reagirmos de modo suave perante estes protestos arrogantes, estamos a tolerar o intolerável e a reconhecer legitimidade onde ela não existe. Numa sociedade livre não há vanguardas, nem tão pouco nenhum grupo tem superioridade moral sobre os outros. É lamentável que, hoje, dizê-lo seja um ato de coragem