Investigação de vacina contra Covid distinguida com Prémio Nobel da Medicina

A húngara Katalin Karikó, de 68 anos, e o norte-americano Drew Weissman, de 64 anos, foram os premiados.

A investigação que permitiu o desenvolvimento de vacinas eficazes contra a Covid-19 foi distinguida com o Prémio Nobel da Fisiologia e Medicina 2023. Katalin Karikó e Drew Weissman foram anunciados, esta segunda-feira, em Estocolmo, na Suécia, como os laureados pelas descobertas “sobre  modificações de bases de nucleosídeos que permitiu o desenvolvimento de vacinas de mRNA eficazes contra covid-19”.

Segundo a  Real Academia das Ciências da Suécia, a organização responsável pela atribuição do Prémio Nobel, “através das suas descobertas inovadoras, que mudaram fundamentalmente a nossa compreensão sobre como o mRNA interage com o nosso sistema imunitário, os laureados contribuíram para a taxa sem precedentes de desenvolvimento de vacinas durante uma das maiores ameaças à saúde humana nos tempos modernos”.

“Quando o SARS-CoV-2 surgiu no final de 2019 e se espalhou rapidamente por todas as partes do mundo, poucos pensavam que as vacinas poderiam ser desenvolvidas a tempo de ajudar a conter a pandemia. No entanto, várias vacinas foram aprovadas em tempo recorde, com duas das vacinas mais rapidamente aprovadas e mais eficazes produzidas com a nova tecnologia de mRNA”, explica a organização.

Os dois investigadores, a húngara Katalin Karikó, de 68 anos, e o norte-americano Drew Weissman, de 64 anos, descobriram que a células in virto reconheciam o mRNA “de substâncias externas, o que levava à ativação e libertação de moléculas de sinalização inflamatória”, testando depois as várias cadeias de mRNA – “cada uma com alterações químicas únicas na sua base” – para perceber o efeito nas células.

A descoberta demonstrou que o “mRNA produzido com bases modificadas evita o reconhecimento imune inato e melhora a expressão proteica” e possibilitou tornar “a vacina de mRNA adequada para uso clínico num momento em que era mais necessária”, tornando-a “uma contribuição extraordinária para a medicina e abrindo caminho para futuras aplicações de mRNA”.

A descoberta alterou a compreensão de como as células reconhecem e respondem a diferentes formas de mRNA, com um impacto profundo do seu uso como terapia, e está na base do desenvolvimento de vacinas contra o Zika, o MERS-CoV e o SARS-CoV-2 – responsável pela doença de covid-19.

“A impressionante flexibilidade e velocidade com que as vacinas de mRNA podem ser desenvolvidas abre caminho para o uso destas novas plataformas também para vacinas contra outras doenças infecciosas”, afirma ainda a Real Academia das Ciências da Suécia.

Distinção científica

O Prémio Nobel da Fisiologia ou da Medicina é uma distinção científica atribuída anualmente pelo Instituto Karolinska e regulado pela Fundação Nobel, distinguindo descobertas notáveis ​​nos campos das ciências da vida, da fisiologia ou da medicina. O primeiro destes galardões foi atribuído em 1901 e este é o 114.º Prémio Nobel da Medicina a ser entregue pela Real Academia das Ciências da Suécia.

Os restantes Prémios Nobel serão anunciados nos próximos dias: Física (3 de outubro),  Química (4 de outubro), Literatura (5 de outubro), Paz (6 de outubro) e Economia (9 de outubro). Todas as categorias serão anunciadas em Estocolmo, Suécia, com exceção do  Nobel da Paz que será atribuído pelo Comité Nobel Norueguês e terá como cenário o Instituto Nobel Norueguês, em Oslo.

Desde 1901, os prémios Nobel têm sido atribuídos a homens, mulheres e organizações por trabalhos que levaram a grandes avanços para a humanidade, como desejado pelo inventor Alfred Nobel. Os vencedores da edição deste ano vão receber um milhão de coroas suecas extra, elevando o valor total recebido pelos premiados para 11 milhões de coroas suecas (perto de  925 mil euros).