Carlos Moedas proclama que faz Lisboa com as pessoas. Mas, será mesmo assim? Ele é simpático. No entanto, não gosta de decidir e facilmente se percebe que não existe verdadeiro envolvimento dos outros no processo de decisão. As queixas públicas de instrumentalização do Conselho dos Cidadãos espelham isso. Muita propaganda, mas nada de verdadeira participação cidadã. E no que concerne aos sucessos enunciados? Que em nada se devem ao trabalho de outros? Na habitação enuncia documentos, financiamento, chaves e casas novas, omitindo uma verdade incontestável: as casas novas só existirão, na melhor das hipóteses, daqui a vários anos, porque Carlos Moedas parou e atrasou vários projetos em curso e porque se atrasou a começar novas políticas e novas casas. Apesar de muito falar do tema e de documentos, as pessoas precisam de casas e não de mais papéis! Na ausência de casas, proliferam as tendas. Os transportes públicos em Lisboa continuam sofríveis e objeto de queixa diária. Funcionam mal e não estão a melhorar. O Plano de Saúde 65+, aprendido e copiado de Carlos Carreiras e Cascais, sempre omitidos do discurso de Carlos Moedas, o que não fica bem, tem tido uma fraca adesão face ao prometido. Na Jornada Mundial da Juventude, Lisboa esteve bem. Mas não é ético ignorar o Governo, Loures, Oeiras, Cascais, Ourém, outras autarquias e a organização da Igreja. Na ânsia de aparecer, Carlos Moedas tropeça em si mesmo. Já para não falar que transformou concursos preparados e em curso em supostas folhas em branco. Não é bonito! Sobre os Teatros em cada Bairro, vamos ter um em cada Freguesia? Ou vamos privilegiar onde já existem outros equipamentos e ignorar Freguesias onde eles não existem? A Fábrica de Unicórnios é um bom acrescento ao Hub Criativo do Beato. Mas custa reconhecer o trabalho que vem do passado? Quem ouve Carlos Moedas parece que tudo começou com ele e não existia nada. Mas sabemos que isso não é verdade. Tal como o exemplo que dá da Quinta do Ferro. Outro projeto que encontrou na pasta de transição e que quem o ouve parece que foi feito a partir do zero. Ou do Urbanismo mais ágil e transparente quando, na verdade, a mudança é insignificante. E sobre impostos? Aprovou essas medidas com quem? Com a viabilização do PS. Tal como a esmagadora maioria das propostas que apresenta. A não viabilização de propostas por parte da oposição, por motivos ideológicos, é uma mentira mil vezes repetida. Mas não passa a ser verdade. Contam-se pelos dedos das mãos as propostas não aprovadas. Em suma, Carlos Moedas constrói uma verdade alternativa enquanto ignora o dia a dia da cidade. E esse não está melhor. Ignora a má higiene urbana e a degradação do espaço público, os projetos parados e atrasados, o caos no trânsito, a dificuldade nos transportes e no estacionamento, entre outros exemplos que podem ser dados. De facto, não basta proclamar. Por muito que este esteja deslumbrado consigo próprio e com o objetivo escondido de voos mais altos. É mesmo preciso fazer.
Presidente da Comissão de Urbanismo da Assembleia Municipal de Lisboa