Organizações defendem estudos antes de avanço de projetos de eólicas oceânicas

Governo identificou cinco áreas na costa continental de Portugal para o desenvolvimento de uma indústria de energias renováveis no mar em larga escala

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e a Fundação Oceano Azul pedem mais estudos antes do avanço de projetos de eólicas oceânicas em Portugal, alertando para possíveis impactos nas aves. As duas entidades salientam as áreas de Viana do Castelo e Ericeira, onde, defendem, a zona de eólicas deve ser limitada ou mesmo repensada.

Um estudo da SPEA com o Centro de Ecologia (cE3c) e apoiado pela Fundação sobre o impacto da energia renovável oceânica, salienta a importância do debate, estudo e análise dos potenciais impactos e as zonas preferenciais para a instalação das eólicas offshore, quando está para breve a instalação desse tipo de produção de energia.

Em comunicado, a SPEA e a Fundação Oceano Azul argumentam que “as energias renováveis eólicas poderão ter impactos negativos nas populações, habitats e rotas migratórias de centenas de milhares de aves marinhas”, acrescentando que a descarbonização, apesar de fundamental e urgente, “não deve ser conseguida à custa da perda de biodiversidade”. 

O Governo identificou cinco áreas na costa continental de Portugal para o desenvolvimento de uma indústria de energias renováveis no mar em larga escala: Viana do Castelo, Leixões, Figueira da Foz, Ericeira e Sines.

As duas entidades recordam a “ambição política” para que o leilão das áreas definidas avance antes do final do ano, e dizem que é fundamental que haja mobilização de conhecimento técnico-científico antes do avanço do projeto

Emanuel Gonçalves, coordenador científico e administrador da Fundação Oceano Azul, alerta no comunicado que “as eólicas offshore têm a natureza de ocupação industrial do espaço oceânico, e tal deve ser feito com regras e conhecimento, para que a agenda da biodiversidade não se subordine à agenda da descarbonização”. Por seu lado, Domingos Leitão, diretor executivo da SPEA, pede transparência e envolvimento da sociedade no processo.