Desde a sua publicação, em 2005, Codex 632 tem suscitado a discórdia entre especialistas e historiadores. Recentemente, a controvérsia reacendeu depois de ter estreado na RTP, no dia 2 de outubro, a série de seis episódios inspirada no livro de José Rodrigues dos Santos. A narrativa centra-se numa mensagem enigmática encontrada entre os papéis que um velho historiador deixou no Rio de Janeiro antes de morrer.
Segundo o autor, o bestseller – que difunde a tese de que Cristóvão Colombo tinha origens portuguesas -, baseou-se em documentos históricos. No entanto, há quem continue a duvidar. Num artigo publicado na revista Visão, o historiador Roger Lee de Jesus, acusa Rodrigues dos Santos e «outros jornalistas» de «fazerem afirmações sobre um campo científico que não dominam». «Uma coisa são os seus romances, nos quais pode dizer tudo o que quiser pois está no campo da ficção. Outra coisa é afirmar que tal se baseia em factos», apontou o historiador. Em resposta, num texto de opinião publicado na mesma revista, o autor do livro escreveu: «A propósito de uma entrevista que dei ao Jornal 2, o historiador Roger Lee de Jesus acusou-me de ‘difundir teorias da conspiração da História, sem qualquer sustento nem credibilidade’ e também de ter ‘desprezo implícito pelo trabalho académico’, o que considerou uma ‘vergonha nacional’». Em seguida, apresentava vários argumentos para contrariar a ideia do historiador.
O escritor refere como existem «múltiplas referências históricas às origens genovesas de Colombo», reconhecendo que «o problema é que os documentos em questão resultam de fontes secundárias sem que os originais tenham sobrevivido ou então estão carregados de incongruências que minam a sua credibilidade ou são de autores a citarem-se uns aos outros». E, mais uma vez, Roger Lee de Jesus reagiu: «O jornalista José Rodrigues dos Santos diz que ‘não existe nenhuma prova sólida de que ele fosse de facto genovês’ e que ‘há sugestões de que ele poderia ser português’. No entanto, continua sem revelar essas provas ou essas sugestões», escreveu. «Afirma até que todas as provas de que era genovês são ‘fontes secundárias sem que os originais tenham sobrevivido ou então estão carregados de incongruências’», lembrou, acrescentando que o historiador «não trabalha selecionando fontes pela sua origem». «Não se pode esperar que fontes com quinhentos anos respondam inteiramente às nossas perguntas, quando se ignora o seu contexto de produção».
Dados da CAEM/GfKC revelam que o primeiro episódio de Codex 632 foi visto por 506.300 espectadores.