NÃO! Eu não fui, e, ao fim de quase um ano em funções, confesso que ainda não percebi para que serve, nem o que já fez! Quando da criação da Direção Executiva do SNS na orgânica do Ministério da Saúde, o Governo de António Costa fez enorme alarido sobre o gigantesco salto qualitativo que se iria verificar na saúde, ao serviço dos portugueses. A sua ‘Missão’ dizia, pomposamente, que ‘a entrada em pleno funcionamento deste instituto público de regime especial integrado na administração indireta do Estado corresponde a uma profunda alteração à orgânica do SNS, determinante para uma visão mais global do sistema de saúde. Desta forma, a Direção Executiva conduzirá as adaptações necessárias à concretização das principais políticas e prioridades em saúde definidas pelo Ministério da Saúde’.
Perdemos o fôlego só de ler tanto palavreado, que, espremido, não diz rigorosamente nada! A não ser que o Governo passou a ter um escudo protetor entre a triste e caótica realidade e o ministro da Saúde. Se corre bem (coisa rara), o ministro aparece. Se corre mal, o diretor executivo que se amanhe! Registe-se que o ministro nem se dignou aparecer na reunião do passado sábado, mesmo com a saúde a ‘rebentar pelas costuras’.
Aliás, o povo português ficou muito mais tranquilo depois dessa reunião! O diretor executivo veio garantir que ‘as reuniões decorreram com tranquilidade e num espírito construtivo, no sentido de encontrar soluções, na defesa da segurança e da qualidade dos cuidados prestados aos doentes’. Ou seja, não houve violência física, não houve sangue, nem necessidade de alguém ter de recorrer aos sobrelotados serviços de emergência! Mas, se alguma decisão prática e concreta foi tomada, ficou no segredo dos deuses, que os utentes não têm que saber estas minudências! Está tudo bem, não se preocupem! Só que todos sabemos que está tudo muito mal…
A Direção Executiva do SNS ‘tem como missão coordenar a resposta assistencial das unidades de saúde do SNS. Coordena ainda a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e a Rede Nacional de Cuidados Paliativos, o que permite acompanhar de forma mais abrangente as respostas aos utentes nos vários ciclos de vida’.
Um pequeno parêntesis: leram bem, Rede Nacional de Cuidados Paliativos. Tal existe em Portugal? Só conheço no privado! O que explica que o Governo socialista esteja há 12 meses sem definir e aprovar o Estatuto da imprescindível organização? Incompetência? Ou uma misteriosa guerra surda nos bastidores?
Muita coisa mudou nestes 12 meses, só que nada mudou para melhor! Aumentou o número de portugueses sem médico de família, aumentaram as maternidades encerradas, aumentaram as urgências também fechadas, aumentaram as ruturas de medicamentos essenciais (coisa nunca vista). Os portugueses vivem angustiados com tais constrangimentos que provocam dor, sofrimento e por vezes mesmo a morte. E as listas de espera de cirurgia e de consultas só não aumentaram tanto porque o setor privado complementa as faltas com um pesado encargo para o Orçamento do Estado!
Mas, se tudo aumentou, estamos a protestar porquê? Ah, deviam ter diminuído! Expliquem isso ao primeiro-ministro, que neste caso, como é hábito quando as coisas correm mal, ‘está desaparecido em combate’!
Aliás, se a criação deste novo Instituto Público é a panaceia para o SNS, por que não criou o Governo algo semelhante para outras áreas que também são um desastre? Na educação, na justiça, na agricultura, nas pescas, no ambiente, na administração pública, etc? Com um diretor executivo, cinco vogais no Órgão de Gestão, os seus assessores, secretariado, motoristas, etc, era mais uma festa para os boys e girls socialistas. E, no dia seguinte, podíamos prescindir de ter ministros e secretários de Estado setoriais…
Esta governação socialista é paradigma da desresponsabilização e da ausência de diretrizes da tutela, diluindo a autoridade das hierarquias.
A verdade é que, se perguntarmos o que melhorou no SNS, a resposta é bem simples e resume-se, tristemente, a uma palavra: NADA! Tanta propaganda, tanta expetativa frustrada, tanta ausência de estratégia, tanta falta de previsão e antecipação de graves problemas que todos sabíamos estarem para acontecer!
Também é uma realidade que António Costa e o PS governam o nosso país há ‘apenas’ oito anos, em maioria com os parceiros da geringonça ou com maioria absoluta. Mas a máquina de propaganda do Governo (a única coisa que aí funciona) continua a matraquear os portugueses que a culpa de todos os descalabros que sofremos não é do PS, nem de António Costa: é, obviamente…de Passos Coelho!
Pois! De quem mais poderia ser?!?!