Hauser. “O essencial é tocar com paixão”

Aos 37 anos, com quase 4 milhões de seguidores no Instagram e 10 milhões no Facebook, diz que ainda quer tocar em Marte. “O violoncelo é o mais próximo da voz humana. Apaixonei-me por ele, foi o destino!”, explicou o artista croata à LUZ antes do concerto na Altice Arena, o primeiro em Portugal.

Stjepan Hauser é um violoncelista croata conhecido pelo seu toque virtuoso e envolvimento na dupla musical 2Cellos. Nasceu a 15 de junho de 1986, em Pula, Croácia. Hauser e Luka Šulić, outro violoncelista talentoso, formaram os 2Cellos em 2011, ganhando fama internacional pelos seus arranjos dinâmicos e únicos de canções populares, muitas vezes combinando música clássica e rock. A dupla fez covers de músicas de artistas como AC/DC, U2, Michael Jackson e muitos outros. Hauser e Šulić lançaram vários álbuns e atuaram em vários locais e eventos de prestígio em todo o mundo. As suas atuações demonstram frequentemente as suas notáveis ​​capacidades e criatividade na adaptação da música contemporânea ao violoncelo clássico, tornando-os populares entre uma vasta gama de públicos. Agora, Hauser apresenta-se a solo.

Nasceu numa família musical. Qual é a sua maior inspiração? 

Tive muitas inspirações ao longo da minha vida e vêm de todo o lado! Toco músicas românticas, passo para bandas sonoras de filmes, transito para músicas latinas loucas… E as pessoas dançam, gritam… Primeiro, em miúdo, fui inspirado por grandes violoncelistas, depois por grandes violonistas e por outros músicos. De seguida, descobri a música pop, o rock… e inspirei-me no Michael Jackson, no Elvis Presley, no Freddie Mercury, no Frank Sinatra, no Julio Iglesias, AC/DC… 

E a sua mãe?

Ah, não percebi a tua questão! Amo tanto a minha mãe porque ela sempre acreditou em mim e apoiou-me totalmente. Deu-me todo o seu amor desde sempre e disse-me que tudo era possível. Estou extremamente grato por ter crescido com uma família tão maravilhosa. Desde bebé ouvia Mozart, Beethoven, Bach..

.

Porque escolheu tocar violoncelo?

Tinha poucos anos quando ouvi um artista tocar violoncelo na rádio. E era um som tão romântico e suave… É o mais próximo da voz humana. Apaixonei-me por ele, foi o destino!

Quantas horas toca por dia?

Quando era estudante, praticava todos os dias: estava obcecado. Quando comecei a dar concertos, pratiquei no palco e melhorei a cada espetáculo.

Como foi estudar em Londres, Manchester e nos EUA?

Aprendi com professores maravilhosos, que são verdadeiras lendas da música clássica. 

“Quando era uma criança, era muito tímido”», contou à Forbes. Como é agora?

É verdade, era mesmo! Vivia no meu próprio mundo, focado na música e no violoncelo. Era bom porque me dediquei a 100%. Não tive uma infância como a das outras crianças, mas diria que sou muito mais “normal” agora. Levei muitos anos a adaptar-me. Antes, comunicava apenas através do violoncelo e mal usava as palavras.

“É necessário muito trabalho para nos sentirmos confortáveis na nossa própria pele”, disse na mesma entrevista. Como chegou até aí?

Tens de trabalhar muito em ti e focares-te nas tuas inseguranças, nos teus medos… E, basicamente, sempre quis melhorar quem sou. Nunca culpei os outros nem as circunstâncias. Temos de nos desenvolver enquanto pessoas a todos os níveis.

Também explicou que passa “muito tempo na natureza”, caminha, ouve música… O que faz mais pela sua saúde mental?

Ouvir boa música é o melhor remédio! E, especificamente, ouvir música clássica é positivo para a nossa saúde mental. Está provado que se as crianças o fizerem, desenvolvem a sua inteligência. Bom, comigo não resultou [risos]!

Como gere a sua presença nas redes sociais tendo em conta que tem quase 4 milhões de seguidores no Instagram e 10 milhões no Facebook?

Partilho aquilo de que gosto e influencio as pessoas através da música. Acho que é isso que faço: é a minha maior paixão. Não tenho tempo para ler os comentários porque a minha vida é louca! Mas penso que as pessoas me dão muito amor de volta.

“Já estive em tour em tantos lugares em redor do mundo que é verdadeiramente difícil escolher um favorito”, contou ao CroatiaWeek. Mas há alguns países que o surpreenderam?

Por exemplo, hoje é a primeira vez que toco em Portugal. Mas, infelizmente, não tive tempo para visitar este país bonito. Tenho de regressar brevemente!

Quais são os seus palcos preferidos?

Arenas como esta [Altice Arena], mas também sítios onde se possa ver as estrelas, o mar, o pôr do sol… Já toquei nos coliseus de Roma, de Pula – a minha cidade –, na natureza… e foi muito inspirador!

Onde quer atuar que ainda não atuou anteriormente?

Marte [risos]!

Conhece alguns artistas portugueses? 

Adoro fado! [põe a tocar ‘Chuva’ de Mariza] Oiço esta música tantas vezes, é o meu fado preferido! 

Gostaria de tocar com fadistas?

Sim, porque não? Seria espetacular experimentar tocar fado no violoncelo!

Pensa que misturar diferentes géneros musicais é o segredo para o seu sucesso?

O essencial é tocar com paixão. Se tocares com paixão, as pessoas vão senti-lo. 

O que pode revelar acerca do seu novo álbum?

Terá músicas de Natal muito boas porque são clássicos! Penso que todos o devem ter porque poderão celebrar esta época comigo!