A China acusou esta quarta-feira os EUA de serem o “maior elemento perturbador da paz e da estabilidade” no mundo. Pequim reagia a um relatório do Pentágono sobre a crescente expansão militar do país asiático.
O relatório anual, exigido pelo Congresso norte-americano, é uma avaliação do Pentágono às capacidades militares da China, que o governo dos EUA considera como a principal ameaça na região Ásia-Pacífico e o maior desafio de segurança a longo prazo.
O relatório do Pentágono indicou que a China está a expandir rapidamente a sua força nuclear, em consonância com o crescimento geral das forças armadas. Anteriormente, o Pentágono indicara que Pequim quer quadruplicar o número de ogivas para 1.500 até 2035.
Em comunicado, o ministério da Defesa chinês qualificou as conclusões do relatório do Pentágono como “falsas” e atacou as recentes ações dos EUA em apoio a Israel e à Ucrânia, assim como a construção de instalações militares em todo o mundo.
“Os EUA enviaram munições de urânio empobrecido e bombas de fragmentação para a Ucrânia, enviaram porta-aviões de combate para o Mediterrâneo e armas e munições para Israel. É este o ‘evangelho’ que o ‘defensor dos Direitos Humanos’ está a trazer para a região?”, questionou o porta-voz do ministério da Defesa chinês, Wu Qian.
O principal diplomata da China, Wang Yi, vai visitar os EUA esta semana, antes de um possível encontro entre os líderes dos dois países, Joe Biden e Xi Jinping, em novembro.
As relações entre Pequim e Washington deterioraram-se nos últimos anos, devido a uma guerra comercial e tecnológica, diferendos em questões de direitos humanos, o estatuto de Hong Kong ou a soberania do mar do Sul da China. Mas o principal ponto de fricção continua a ser Taiwan.
A China reivindica a ilha como uma província sua e não descarta o uso da força para alcançar a reunificação e o relatório do Pentágono indicou que a China está a intensificar a pressão militar, diplomática e económica sobre a ilha.
Washington é o principal aliado e fornecedor de armamento a Taiwan, vendendo equipamento militar a Taiwan ao abrigo da Lei das Relações com Taiwan, aprovada pelo Congresso em 1979 para garantir que a ilha é capaz de se defender, no caso de um ataque por parte da China. “Pedimos aos EUA que parem de usar desculpas e métodos para fortalecer os laços militares com Taiwan e armar ilegalmente Taiwan”, disse Wu Qian.