O resultado líquido consolidado do Millennium bcp ascendeu a 650,7 milhões de euros nos primeiros nove meses. Trata-se de um crescimento face aos 89,81 milhões de euros apurados no período homólogo do ano anterior.
“Esta evolução do resultado líquido consolidado reflete o desempenho favorável quer da atividade em Portugal, quer da atividade internacional, permitindo que a rendibilidade dos capitais próprios (ROE) do grupo se fixasse em 16,7% nos primeiros nove meses de 2023, representando um aumento significativo face aos 2,3% apurados no final de setembro de 2022”, referiu a instituição liderada por Miguel Maya, acrescentando ainda que “o crescimento do resultado líquido do grupo ficou a dever-se, em larga medida, à evolução dos proveitos core, que se situaram 27,2% acima dos 2.119,6 milhões de euros apurados nos primeiros nove meses de 2022, totalizando 2.695,9 milhões de euros no mesmo período do ano corrente”.
A evolução dos proveitos core reflete sobretudo o crescimento de 37% (571,6 milhões de euros) registado na margem financeira, tendo as comissões líquidas evidenciado um ligeiro aumento de 0,8% (para 578,5 milhões de euros) neste período.
Para o desempenho do resultado líquido do grupo neste período contribuiu também o ganho de 127,02 milhões de euros, associado à venda, por parte do Bank Millennium, de 80% das ações da Millennium Financial Services sp. z o.o., no âmbito da parceria estratégica na área de bancassurance.
Nos primeiros nove meses do ano, a margem financeira (diferença entre juros cobrados no crédito e juros pagos nos depósitos) foi de 2.117,5 milhões de euros, mais 37% do que em termos homólogos.
O presidente executivo do BCP, Miguel Maya, disse que o período entre julho e setembro foi um “bom trimestre”, o qual “vem materializar o trabalho que vem sendo feito há vários anos”.
A evolução do resultado líquido consolidado, no período em análise, foi ainda influenciada favoravelmente pela redução das dotações para a imparidade do crédito (líquida de recuperações) em 12,3%, de 241,2 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2022, para 211,4 milhões de euros no mesmo período de 2023, “refletindo o desempenho quer da atividade em Portugal, quer da atividade internacional”.
Até setembro, as comissões líquidas totalizaram 578,5 milhões de euros, ligeiramente acima (+0,8%) do montante registado um ano antes. As comissões bancárias cifraram-se em 499,7 milhões de euros, situando-se 0,9% acima do montante alcançado nos primeiros nove meses, “refletindo o contributo da atividade internacional, uma vez que na atividade em Portugal este tipo de comissões permaneceu estável face ao período homólogo do ano anterior”.
Os resultados em operações financeiras cifraram-se em 17,8 milhões de euros negativos nos primeiros nove meses de 2023, situando-se aquém dos 98,9 milhões de euros apurados no mesmo período de 2022.
“Este desempenho decorreu, em grande parte, do contributo associado à carteira de títulos, devido sobretudo aos ganhos reconhecidos nos primeiros nove meses do ano anterior com a alienação de títulos de dívida pública estrangeira, que não se verificaram no mesmo período do ano corrente. O desempenho dos resultados em operações financeiras, na atividade em Portugal, foi ainda influenciado pelos custos apurados com a alienação de créditos nos primeiros nove meses de 2023, a contrastar com os proveitos reconhecidos no mesmo período do ano anterior”, acrescentou.
No final de setembro de 2023, os custos operacionais totalizaram 854,6 milhões de euros, situando-se 8,5% acima dos 787,4 milhões de euros apurados no período homólogo de 2022, fortemente condicionados pelas taxas de inflação verificadas nas diversas geografias em que o Banco opera. Esta evolução reflete o aumento quer dos custos com o pessoal, quer dos outros gastos administrativos, em ambos os casos verificado tanto na atividade em Portugal como, de forma mais relevante, na atividade internacional, onde se revelou mais expressivo devido essencialmente ao desempenho da subsidiária polaca.
Na atividade em Portugal, os custos operacionais totalizaram 460,0 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2023 situando-se 3,5% acima dos 444,2 milhões de euros apurados no mesmo período do ano anterior. Esta evolução reflete o aumento de 5,0% (12,7 milhões de euros) registado nos custos com o pessoal e a subida de 5,3% (7,1 milhões de euros) dos outros gastos administrativos, refletindo os níveis de inflação verificados. As amortizações do exercício, por sua vez, apresentaram uma quebra de 6,8%, correspondente a 4 milhões de euros.
Os custos com o pessoal totalizaram 468 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2023, situando-se 8,4% acima dos 431,8 milhões de euros contabilizados no mesmo período do ano anterior, devido principalmente ao desempenho da atividade internacional.
Nos primeiros nove meses de 2023, as dotações para imparidade do crédito (líquidas de recuperações) fixaram-se em 211,4 milhões de euros, situando-se 12,3% abaixo dos 241,2 milhões de euros contabilizados no período homólogo do ano anterior, devido ao desempenho favorável quer da atividade em Portugal, quer da atividade internacional. Na atividade em Portugal, as dotações para a imparidade do crédito (líquida de recuperações) cifraram-se em 157,7 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2023, apresentando uma redução de 9,4% face aos 174,1 milhões de euros reconhecidos em igual período do anterior.
Este desempenho reflete uma melhoria no perfil de risco da carteira de crédito, beneficiando ao mesmo tempo da recuperação de relevantes non-performing exposures.
16 mil renegociações de crédito à habitação
O BCP já fez 16 mil renegociações de contratos de crédito à habitação até setembro devido à dificuldade dos clientes em pagarem os empréstimos.
Quanto à bonificação de juros (o Estado paga parte dos juros do crédito à habitação de clientes em dificuldades, sob determinadas condições), Miguel Maya disse que o banco tem 2.400 contratos de crédito com bonificações e que, em média, a bonificação é de 32 euros mensais.
O presidente executivo do BCP referiu ainda que até agora cerca de dois mil clientes usaram PPR para amortizar capital em dívida nos créditos à habitação e que um número relativamente igual usou este produto de poupança para pagar as prestações do crédito, sem revelar o valor envolvido.
“Um conjunto relevante de famílias utilizaram esta poupança para fazer face aos encargos com o crédito à habitação e o banco respondeu diligentemente” disse.