No confronto entre Israel e o Hamas e os seus apoiantes, no qual se inclui uma parte significativa dos palestinianos estão em causa dois modelos culturais e religiosos antagónicos.
Os desenvolvimentos sobre o brutal ataque terrorista a Israel têm revelado aspetos grotescos no Ocidente. Existem ocidentais que odeiam o Ocidente, não lhes chega já o grau de destruição infligido aos nossos valores, ao nosso modo de vida e à nossa história.
Espanta a quantidade de gente que não se identifica com o Ocidente e que por cá vive, e dos ocidentais que passam a vida a culpabilizar a sociedade ocidental de todas as fobias e crimes e que apoiam culturas onde essas práticas são lei.
Como deixamos esse ódio crescer entre nós? E agora, o que fazer?
Cada um deve viver na cultura com a qual se identifica. É simples.
No outro modelo cultural, os direitos das mulheres e dos homossexuais, a liberdade de expressão e pensamento são desprezados a graus intoleráveis para a nossa civilização. Ora, a esquerda e o liberalismo socialista que passam a vida a detetar machismo, homofobia e transfobia no ocidente defendem agora esse modelo cultural com unhas e dentes. Pergunto-me, quanto tempo duraria uma manifestação do bloco com feministas radicais e lgbtês em Gaza ou em Teerão?
A espantosa coligação que inclui Irão, PCP, Turquia, Lula, Coreia, BE, Hamas, Rússia, PS pede até contas a Israel, como se este fosse o responsável pela peregrina ideia que alguns têm de ser um povo a extinguir.
O relativismo é tal que já se defende nas universidades americanas que o terrorismo é uma construção cultural. Tal como aconteceu às mulheres e aos homens, também o terrorismo é apenas uma narrativa, um ponto de vista. Os liberais esquerdistas americanos mais uma vez fornecem o arsenal teórico suicidário aos esquerdistas europeus. A ONU, por estes dias, elegeu a China, Cuba, Burundi e Kuwait para o Conselho de Direitos Humanos.
Nesse modelo cultural anti-ocidente encontramos na Ásia e em África dezenas de países onde a homossexualidade é proibida e condenada, onde uma grande parte das mulheres não têm autonomia corporal, ou seja, não têm o poder de decidir se e quando procurar atendimento médico, incluindo serviços de saúde sexual e reprodutiva e se ou quando fazer sexo com o seu parceiro ou marido. As violações, a esterilização forçada, o teste de virgindade e mutilação genital femininas são frequentemente relatados. O sistema de tutela masculina é comum nesses países, ou seja, têm de pedir autorização aos seus tutores (pai, marido, irmão, etc.) para tomarem decisões como casar, viajar e estudar no exterior (até 25 anos), trabalhar em empregos públicos, entre outros.
Quantas democracias efetivas existem nesse modelo cultural na Ásia e em África?
No Qatar por exemplo, onde fazemos grandes negócios, o sistema de tutela existe, mas recordo que países como o Qatar e a Arábia Saudita acabam até por parecer liberais em relação a zonas como a Palestina, Irão, Síria, Sudão, Eritreia, Afeganistão, etc..
O Ocidente devia preocupar-se em robustecer as suas democracias falsificadas pela erosão da ditadura económica do liberalismo e pelas bizarrias grosseiras da deformação do progresso que alimenta os sonhos da esquerda pós-moderna.