Descreve-se como um aficionado de música africana e música electrónica que, enquanto músico e DJ, tenta “mesclar esses dois universos em atuações enérgicas” e “sempre com o objetivo de fazer os corpos dançarem na pista de dança”.
Desde o berço que tem uma forte ligação à música. Na verdade, cresceu numa família de músicos. “Cresci a ver o meu pai e o meu avô a tocar e a ensinar pessoas a tocar”, conta ao i. Segundo o mesmo, o seu avô, Abel Costa, era um violinista e maestro incrível e o seu pai, Fernando Costa, guitarrista, teve vários projetos de música tradicional. “Passou-me uma perspetiva da música na sua versão mais orgânica. Muito provavelmente é daí que vem o meu amor pelo ritmo”, explica.
Para si, a música é, indubitavelmente, um “motor nas nossas vidas”: “A música tanto é um ‘moodsetter’ como um ‘moodbreaker’”, continua. Ou seja, de acordo com o DJ, “tanto nos ajuda no que já estamos a sentir como nos ajuda a fugir do que não queremos sentir”. Além disso, reforça, hoje em dia, a música é também um “veículo de mensagem”. “Não é de agora que a música é vista como uma ‘arma’. No entanto, acredito que com os tempos que atravessamos e para onde caminhamos, essa expressão ganha agora um novo peso”, acrescenta o artista.
As mesas de mistura nunca foram algo estranho. “Desde pequeno que mexo em mesas de mistura e todo o tipo de equipamentos. O meu pai só pode mesmo gostar de mim, tendo em conta que me perdoou um número assinalável de vinis riscados”, brinca.
Interrogado sobre como surgiu o seu nome artístico, “Progressivu”, o artista revela que sempre foi um fã categórico de Buraka Som Sistema e, na altura, leu em vários artigos que estes faziam “kuduro progressivo”. “Foi a maneira que arranjei de ligar o meu nome para sempre às minhas maiores referências”, conta.
Quando está em palco, procura manter-se “na perspectiva do público”, como se estivesse ao lado dele. Talvez seja por isso que qualquer pessoa que passe as portas do club onde este se encontra a tocar, seja imediatamente contagiada com a energia que passa em cima do palco. “Para mim o intuito é claro: fazer dançar”, frisa o DJ.
“É uma sensação transcendente quando durante uma actuação dou por mim todo suado a dançar e, quando levanto a cabeça, vejo a plateia toda aos gritos”, admite, acrescentando que, ao contrário de muitos colegas, raramente usa phones. “Assim, sinto melhor o espaço e o que está a acontecer”.
Encontro entre o coração e a cabeça
O seu EP, ‘Camadas’, sai no dia 10 de novembro em todas as plataformas e terá dois temas: ‘Coração’ e ‘Cabeça’. Este será o seu primeiro trabalho de originais, já que até aqui tinha “apenas lançado temas soltos e carregado alguns remixes não oficiais para o Soundcloud e Bandcamp”. “É a primeira vez que crio algo com uma linha conceptual lógica”, afirma Progressivu.
Segundo o artista, inicialmente, o EP era para ter quatro temas. Porém, ao longo do processo, o DJ foi-se “desfazendo desse número”, porque esses dois temas foram os que “se conectaram melhor”. Assim, o resultado final, “ficou mais homogéneo”.
“É curioso que sempre que inicio algum projecto tenho sempre uma tendência para melodias e ambientes mais melancólicos. O que se distancia um pouco da minha visão enquanto DJ de festas, onde a felicidade e alegria imperam”, reflete. O que tentou fazer neste EP foi misturar esses dois moods. “Acredito que as pessoas conseguirão sentir essa carga poética ao mesmo tempo que ouvem uma batida forte, percussiva e dançável”.
No que toca aos nomes das músicas, de acordo com Progressivu, “vêm muito deste namoro entre a dor do romântico e o ímpeto do ritmo”. “Estes temas são um reflexo do que eu sou e das minhas facetas. Por um lado tenho o ‘Coração’, o lado mais sensível e dramático e, por outro, o caos da ‘Cabeça’ que me leva a sítios menos profundos”, revela. “O coração e a cabeça, normalmente, fogem um do outro, mas neste EP encontram-se”, acrescenta.
O que deseja depois do seu lançamento é que as pessoas o ouçam e que, de alguma forma, “se identifiquem”. “Trabalhei isto como ferramenta de expressão, para mim e para os outros”, aponta.
Dois anos de “Partimento”
Para além da sua estreia nos originais, este mês, o DJ também comemora os 2 anos do “Partimento”, uma festa que se iniciou no Musicbox, em Lisboa, onde acontece mensalmente, e bimestralmente no Maus Hábitos no Porto. “Tem sido o projeto e o maior desafio do meu trajecto enquanto DJ e curador. Acordo a pensar na festa e adormeço a pensar na festa”, admite o artista.
Ao longo destes anos tem contado com convidados que estão dentro do seu universo musical. Desde artistas mais conhecidos como Studio Bros, Dotorado Pro ou Príncipe Ouro Negro, até a artistas que começam a aparecer nos radares. “Posso dizer que estou muito feliz com o que tem acontecido neste evento e com o que ele me tem trazido”, afirma.
A comemoração será dividida em duas datas. Primeiro, dia 18 de novembro no Maus Hábitos, no Porto, com o Dj Maboku. “O meu amigo Maboku é um DJ que sempre admirei muito. Acho que nunca fiz um DJ Set sem tocar pelo menos um tema dele. Apesar de nos conhecermos há mais de 10 anos nunca tocámos na mesma noite. É a oportunidade perfeita!”, conta. A segunda data, 24 novembro, será no Musicbox, em Lisboa, com a presença do artista Mike El Nite. “Lembrei-me que convidei o Mike El Nite para fazer um dj set num Partimento no Porto e que foi uma das edições mais divertidas. Nunca se sabe bem o que esperar dos seus sets. Apresenta sempre um ou dois temas do relicário que partem qualquer pista ao meio”, brinca.
Em ambas as datas haverão surpresas que o DJ anunciará no seu Instagram mais perto da data.
Interrogado sobre aquilo que se segue, Progressivu responde que será sempre “tocar com o coração”. “Quero o meu EP em todo o lado, enquanto já estou com a cabeça no próximo lançamento!”, remata.