Um patrão não pode ganhar o salário de 40 trabalhadores

A riqueza produzida não pode ser concentrada nas mãos de poucos, enquanto muitos enfrentam dificuldades crescentes.

Foi recentemente tornado público que, em média, o líder de uma empresa cotada em bolsa recebe uma remuneração superior à soma dos salários de 42 trabalhadores da organização que dirige.  Há mesmo casos em que o ordenado anual de 186 empregados não chega para igualar a remuneração do presidente executivo, como acontece na Jerónimo Martins, empresa proprietária da cadeia de distribuição alimentar Pingo Doce.

Mas a disparidade entre a remuneração dos administradores ou proprietários das empresas e os seus trabalhadores não se resume às grandes organizações, estende-se, sim, a muitas outras pequenas e médias empresas geridas com o mesmo dogmatismo ou pragmatismo capitalista.

Proliferam patrões que ostentam as suas viaturas de luxo pagas pelas empresas que sustentam os seus lucros no trabalho de homens e mulheres que sobrevivem com parcos salários.

A disparidade salarial, que reflete uma divisão injusta da riqueza produzida entre aqueles que detêm o capital e aqueles que contribuem com o trabalho, não é apenas uma questão de números em folhas de pagamentos, é sobretudo uma expressão visível da exploração económica que é marca do capitalismo. Enquanto alguns desfrutam de privilégios substanciais, outros lutam para satisfazer necessidades básicas.

A riqueza produzida não pode ser concentrada nas mãos de poucos, enquanto muitos enfrentam dificuldades crescentes.

A reflexão sobre práticas que perpetuam a exploração torna-se crucial. Políticas que promovam a equidade salarial, limitem disparidades extremas e garantam condições de trabalho justas são passos essenciais para transformar a retórica da igualdade em prática tangível.

A luta contra a exploração económica não é apenas uma batalha política, mas uma busca por valores fundamentais que definem a nossa humanidade. Ao repensarmos as dinâmicas económicas na sociedade moderna, podemos dar passos rumo à construção de um mundo onde a dignidade de cada ser humano seja respeitada e onde a exploração do homem pelo homem seja verdadeiramente inadmissível. Esse caminho, muito mais do que meramente desejável, será mesmo essencial para o avanço de uma sociedade justa e sustentável.

Presidente da Cooperativa Milho-Rei