Mário Moinhos, Partia as defesas com fintas de encher a vista  

1949-2023 O avançado foi tricampeão nacional pelo Benfica.

Mário Moinhos faleceu aos 74 anos. O avançado notabilizou-se como jogador do Benfica, foi tricampeão nacional, e do Boavista, onde conquistou uma Taça de Portugal e uma Supertaça.

Mário Jorge Moinhos Matos nasceu a 13 de maio de 1949, em Vila Nova de Gaia, e marcou o futebol português ao longo de 19 temporadas. Começou a jogar na segunda metade da década de 60 e terminou a carreira de futebolista profissional em meados dos anos 80. Disputou 409 jogos e marcou 94 golos com a camisola de quatro clubes: Vilanovense, Boavista, por duas vezes, Benfica e Sporting de Espinho.

A morte de Moinhos representa uma perda significativa para o futebol português, e deixa saudades não só pelos feitos alcançados dentro das quatro linhas, mas também pelo espírito desportivo e paixão com que vivia o jogo. Os clubes por onde passou recordaram-no como um jogador de exceção e um homem de grande caráter e humanidade.

Na memória dos amantes de futebol fica a imagem de um atacante rápido e com grande capacidade de drible. Não sabia jogar mal, e o seu futebol de ataque servia de inspiração a toda a equipa. Era notável, seguro e tinha uma forte personalidade em campo. Partia do corredor esquerdo com a bola colada ao pé para aparecer em zonas de concretização e marcar golos de belo efeito. Era um destro que parecia canhoto e fazia miséria nas defesas contrários, muitas vezes só o conseguiam parar recorrendo à falta ou puxando-o pela camisola.

Desde miúdo que o futebol era tudo para ele. Começou a jogar no clube da cidade onde nasceu, o Vilanovense, em 1965, e rumou ao Boavista em 1969. Nas quatro épocas que jogou com a camisola axadrezada disputou 100 partidas e marcou 30 golos. A sua qualidade como avançado convenceu os responsáveis do Benfica a contratá-lo em 1973, foi a primeira grande transferência da era Valentim Loureiro. Passou quatro épocas na Luz e jogou ao lado de Eusébio, Nené, Artur Jorge, Vítor Baptista, Jordão, Diamantino, Ibraim, Nelinho, Chalana e Cavungi, entre outros. Foi treinado por Jimmy Hagan, Fernando Cabrita, Pavic, Mário Wilson e John Mortimore.

Com a camisola encarnada venceu três campeonatos nacionais (1974/75, 1975/76 e 1976/77) e quatro Taças de Honra da 1.ª Divisão, e marcou 27 golos em 100 jogos oficiais. Estreou-se no jogo Benfica – Derby County (2-1) em agosto de 1973 e fez a última partida na vitória sobre a Académica (1-0) em fevereiro de 1977. Na época 1973/74 fez apenas nove jogos pelos encarnados e marcou três golos. As duas épocas seguintes seriam as melhores com a camisola do Benfica. Em 1974/75, fez 39 jogos e marcou 18 golos e, em 1975/76, realizou 36 partidas e fez sete golos. Enquanto jogador do Benfica nunca foi expulso. Ainda ao serviço dos encarnados, Moinhos realizou nove jogos na Taça dos Campeões Europeus, nove jogos na Taça das Taças, marcou dois golos, e dois encontros da Taça UEFA, com mais dois golos.

Regressou ao Boavista em 1979/80 e voltou a ser um elemento determinante na equipa axadrezada. Realizou 204 jogos e marcou 52 golos, contribuindo para a conquista da Taça de Portugal e da Supertaça em 1979. O seu último clube foi o Sporting de Espinho, onde realizou 99 jogos e marcou 15 golos entre 1980 e 1984, numa altura em que os ‘Tigres’ competiam na primeira divisão.

Mário Moinhos representou também a seleção nacional na década de 70. Estreou-se com a camisola das Quinas a 24 de abril de 1975, em Paris, no triunfo sobre a França (2-0). Foi internacional por Portugal em sete ocasiões e marcou um golo a Chipre. Após abandonar a carreira de futebolista, Moinhos voltou ao Bessa, mas desta feita como treinador das camadas jovens do clube, reforçando a sua ligação ao Boavista.

Em 2009, foi-lhe detetada uma cardiomiopatia dilatada que o obrigou a fazer um transplante de coração e pôs fim ao futebol. Numa fase complicada da sua vida, o sindicato dos jogadores entregou-lhe, em 2010, um cheque de cinco mil euros. Nessa cerimónia, estiveram presentes Joaquim Evangelista, presidente do sindicato, e antigos companheiros entre os quais Albertino, José Carlos, Rebelo, Lucas e Romeu, enquanto que Eusébio, Simões e Toni, ausentes no estrangeiro, enviaram mensagens de apoio. Aos 74 anos, partiu.