Tenho a consciência que fiz tudo aquilo que tinha de fazer e que se poderia fazer», disse em 2011, no programa Há Conversa, da RTP Arquivos. E a verdade é que fez o suficiente para que o seu nome ficasse marcado na história da música portuguesa. Quando começou, não imaginava que «ia percorrer tantos caminhos». «Eu cingia-me ao panorama português, mas há medida que os tempos foram correndo, fui começando a ter interesse noutros horizontes», contou. Em Portugal, a artista tornou-se pioneira ao interpretar versões em português de grandes sucessos internacionais.
Conhecida como a «rainha do twist», a cantora Paula Ribas, faleceu na terça-feira, no hospital de Cascais, onde se encontrava internada, aos 91 anos. A notícia foi avançada pelo seu marido o músico Luís N’Gambi, à agência Lusa.
Segundo o mesmo programa, Ilídia Dias Ribas – o seu nome de batismo –, nasceu em Faro, em 23 de fevereiro de 1942. Já em Lisboa, fez a instrução primária na escola oficial de Arroios e os estudos secundários no liceu Maria Amália Vaz de Carvalho. Foi com 12 anos que ingressou no Conservatório Nacional onde tirou o curso superior de canto e piano, com o professor Campos Coelho.
Por incentivo de um amigo da família, resolveu iniciar uma carreira de música ligeira. Estreou-se em 1952 no programa radiofónico Ouvindo as Estrelas, mas foi aos 17 anos que participou num concurso de novos talentos da então Emissora Nacional. A partir daí, foi construindo a carreira com temas como Isto é Lisboa, Ai Algarve, É Assim a Madeira e Ruas da Minha Cidade. Começou a percorrer o país quer com a orquestra da estação oficial, quer em dezenas de espetáculos promovidos um pouco por todo o território com as mais variadas orquestras.
Em 1965, assinou contrato com a discográfica Alvorada e gravou várias versões dos grandes sucessos internacionais, adaptados por António José Lampreia, que trabalhou posteriormente com Marco Paulo. Passou a ser considerada como a«Rainha do Twist» pela sua performance de canções como Vamos Dançar o Twist.
Paula Ribas teve ainda participações na interpretação, tanto no teatro de revista, como no cinema. Em televisão, participou em inúmeros programas, quer especiais, quer com outros artistas nacionais e estrangeiros.
Chegou mesmo a assinar contrato com a discográfica espanhola Belter, que representou nos festivais de canção de Benidorm – onde obteve o 1.º prémio de interpretação –, Málaga, Las Palmas e Orense, em Espanha. Atuou ainda na Turquia, em Israel e nos EUA.
Na década de 70, viajou para o Brasil para marcar presença numa série de programas de televisão. Em 1972 acabou por mudar a sua vida para lá, participando em musicais e chegando a gravar um disco um disco intitulado Fados Brasileiros, com composições e poemas como Vinicius de Moraes, Cecília Meireles, Chico Buarque. Regressou a Portugal, em 1989.
Até recentemente, atuava todas as semanas no Restaurante da Nini, em Lisboa. No ano passado marcou presença no programa Júlia, da SIC, tendo sido esta a sua última grande aparição pública.