O Iscte – Instituto Universitário de Lisboa -, está a criar o novo Observatório da Deficiência para incentivar a contratação de pessoas com deficiência e, com isso, “promover um emprego mais inclusivo em Portugal”.
Segundo um comunicado enviado às redações, o observatório está a ser montado em articulação com o Núcleo de Estudos da Deficiência, lançado em maio pela mesma universidade, e vai produzir “conhecimento” para as empresas e instituições parceiras do Iscte neste projeto para alargar as oportunidades de emprego.
“Melhorar as condições de acesso das pessoas com deficiência ao recrutamento para o mercado de trabalho é fundamental para a sua plena integração na nossa sociedade”, afirma Luís Capucha, docente do Iscte e coordenador do Núcleo de Estudos da Deficiência. De acordo com o mesmo, em Portugal, os dados sobre carreiras profissionais de deficientes são “muito modestos”, razão pela qual “é preciso coligir um conjunto de indicadores sólidos como a taxa de emprego e de desemprego, os níveis salariais nacionais e outros tipos de dados mais específicos que só os empregadores e parceiros poderão fornecer”.
Depois da recolha, tratamento e análise dos dados segue-se a produção, por parte dos investigadores do observatório, de recomendações para políticas públicas e para procedimentos nas empresas que promovam a vida ativa da população com deficiência. “Falta hoje em Portugal um programa compreensivo dos benefícios do investimento na empregabilidade inclusiva junto das pessoas, empresas e entidades de formação”, acrescenta no comunicado Luís Capucha. “É por isso que estamos a criar este observatório, porque no Iscte queremos ajudar a reduzir ao máximo as barreiras que ainda se impõe à empregabilidade de pessoas com deficiência”, aponta.
Recorde-se que, com o objetivo de incentivar a igualdade de oportunidades de emprego e inserção profissional, bem como partilhar boas práticas e casos de sucesso, o Iscte promove desde 2019 o “Fórum de Recrutamento Inclusivo (in)Capacidades (in)Visíveis”. Este é organizado pelo Serviço de Ação Social e pelas cinco Escolas do Iscte.
Este ano a iniciativa decorreu no dia 15 de novembro e contou com a participação de diferentes agentes com ação nesta área. “Se as políticas do modelo de apoio à vida independente se começarem a desenvolver, as empresas vão perceber que têm vantagens na contratação inclusiva”, reitera ainda o coordenador do Núcleo de Estudos da Deficiência que considera que a principal barreira ao recrutamento inclusivo é o “preconceito das entidades empregadoras”, o qual tem origem no “desconhecimento das capacidades das pessoas com deficiência”. “Há pessoas que, por causa da sua deficiência, têm capacidades especialmente adequadas a certas funções”, garante o docente do Iscte. “Por exemplo, as pessoas surdas estão mais aptas para trabalhar em ambientes ruidosos”, exemplifica.
Por outro lado, o coordenador afirma que há também uma lacuna em Portugal na “capacitação das pessoas com deficiência”, que exigem “estratégias de educação especiais às quais o acesso é reduzido”. “Estas pessoas têm uma enorme vontade de demonstrar que, tal como as outras, têm capacidades para serem inseridas no mercado de trabalho e por isso tendem a ter um elevado nível de empenho”, frisa.
Além disso, a atividade do Núcleo de Estudos da Deficiência resultou na criação de uma pós-graduação em Estudos da Deficiência e Direitos Humanos, que entrou em funcionamento no Iscte neste ano letivo. No próximo ano a instituição vai abrir também um mestrado com o mesmo nome.