A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) acabou há uns meses, mas as polémicas continuam, metendo desta vez honras honoríficas atribuídas pelo Vaticano a 28 individualidades portuguesas que estiveram ligadas à organização. Tudo seria normal se os nomes fossem conhecidos e qual a condecoração a que tiveram direito, mas a Fundação da JMJ entende que não o deve fazer, até “porque há pessoas que não querem que se saiba que foram homenageadas”, segundo fonte da JMJ.
Numa nota enviada à agência Ecclesia, a Fundação da JMJ esclarece que “por determinação do Papa Francisco, foram atribuídas diferentes honras honoríficas a entidades do poder central e local, assim como a diversas autoridades do Estado e responsáveis pelas forças militares, de Segurança, de Saúde e da Proteção Civil”, acrescentando que “o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o Primeiro-Ministro, António Costa, são duas das personalidades distinguidas, num conjunto que engloba ainda seis membros do Governo e atuais e antigos autarcas de todos os concelhos que receberam a visita do Papa Francisco durante a JMJ Lisboa 2023”.
Segundo o mesmo comunicado, Luísa Salgueiro, presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, foi a primeira a receber a distinção da Santa Sé. Mas qual a razão para não se saber todos os nomes e as distinções que receberam? Tem a palavra um sacerdote conhecedor do assunto: “Houve uma pessoa que deu as ordens honoríficas e claramente não foi o Papa. Quem fez isto foi alguém da Igreja portuguesa, tudo indicando que foi o cardeal D. Américo Aguiar. Evidentemente que foi ele que decidiu a hierarquia das honras. Acha que o Vaticano sabe quem colaborou, com quem, como e em que circunstâncias, e quem é que ajudou mais e menos? O Vaticano não sabe. Foi D. Américo que sugeriu seguramente e que negociou com o Vaticano o que se dava a cada um. Acha que o Vaticano tinha capacidades para ir investigar essa lista?”. Exemplos? “O Papa Francisco conhece a presidente da Assembleia Municipal Municipal de Loures? Ou Luísa Salgueiro? Ou Rosário Farmhouse, presidente da Assembleia Municipal de Lisboa?”, adianta a mesma fonte.
De facto, esses nomes constam da lista de agraciados, assim como Ana Catarina Mendes,Fernando Medina, José Luís Carneiro, Ricardo Leão, Carlos Moedas, Isaltino Morais e Fernando Araújo, entre outros, apurou o Nascer do SOL.
Já a fonte da JMJ nega que D. Américo Aguiar tenha tido alguma coisa a ver com os 28 nomes anunciados pela Santa Fé e diz que os graus de condecoração obedecem ao protocolo do Vaticano. Leitura diferente faz outro padre ouvido pelo nosso jornal: “Estas condecorações não têm nada a ver com as que são atribuídas no contexto de uma visita oficial do Papa”.