João Carreira, o jovem acusado de planear um ataque terrorista à Faculdade de Ciências de Lisboa em fevereiro de 2022, foi libertado recentemente devido à lei da amnistia. A legislação foi aprovada em decorrência da visita do Papa Francisco a Portugal. Ficam de fora crimes de homicídio, de infanticídio, de violência doméstica, de maus-tratos, de ofensa à integridade de física grave, de mutilação genital feminina, de ofensa à integridade física qualificada, de casamento forçado, de sequestro, contra a liberdade e autodeterminação sexual, de extorsão, de discriminação e incitamento ao ódio e à violência, de tráfico de influência, de branqueamento ou de corrupção.
De acordo com a informação divulgada pela Renascença e confirmada pelo i, o acusado, João Carreira, foi solto esta semana. Ele beneficiou do perdão de um ano na pena de dois anos e nove meses a que foi condenado em dezembro de 2022 por posse de arma proibida, pena que foi cumprida no hospital prisional de Caxias.
O jovem, que foi detido pela Polícia Judiciária em fevereiro do ano passado, quando tinha 18 anos, retornou à casa da sua família no distrito de Leiria. O advogado afirmou que não foi estabelecida a necessidade de João Carreira continuar sob tratamento, mas a família provavelmente manterá acompanhamento médico para o jovem.
O tribunal, na sua decisão de 20 de dezembro de 2022, absolveu o acusado dos crimes de terrorismo e treino para terrorismo, não considerando preenchidos os requisitos apontados pelo Ministério Público. A lei da amnistia e perdão de penas, aprovada durante a Jornada Mundial da Juventude, já havia resultado na libertação de 408 jovens desde a sua entrada em vigor em setembro, conforme dados do Conselho Superior da Magistratura.
Recorde-se que o indivíduo estava obcecado por vídeos de massacres em escolas e tinha um plano detalhado para realizar uma chacina numa ala da faculdade frequentada por alunos do curso de engenharia informática, ao qual ele também pertencia.
O FBI sinalizou a atividade do jovem, que frequentava regularmente sites violentos relacionados com massacres em escolas nos EUA. As autoridades norte-americanas compartilharam essa informação com a Polícia Judiciária portuguesa, desencadeando uma operação para localizar o suspeito.
Após dias de vigilância, as autoridades descobriram um plano concreto para o ataque, incluindo detalhes sobre a hora e local. O ataque estava supostamente programado para o dia seguinte à detenção. O jovem não tinha ligações a grupos extremistas em Portugal e não era monitorizado nesse contexto. Era descrito como uma pessoa instável, com dificuldades de adaptação, cujas atividades na internet indicavam perigo iminente.
O plano incluía o uso de várias armas brancas, como facas, catanas, uma besta com dardos e engenhos incendiários. O ataque estava direcionado aos colegas de faculdade, e o suspeito foi submetido a interrogatório judicial e avaliação psicológica. A ação da polícia foi elogiada por impedir uma potencial atividade terrorista.
A Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa colaborou desde o início da investigação, que foi desencadeada devido a suspeitas de um atentado direcionado a estudantes universitários. O comunicado da Polícia Judiciária destacou a apreensão de várias armas proibidas e outros itens suscetíveis de serem usados em crimes violentos, além de documentação e um plano detalhado da ação criminosa.