Há quem diga que «todas as mortes são prematuras». No entanto, há sempre umas mais do que outras. Ninguém imagina – se não o viveu –, a dor que é perder um filho. Tenha ele meses, ou 50 anos. Dizem ser «contranatura», mas não é por isso que deixa de acontecer.
Morreu na segunda-feira a bebé britânica de oito meses, Indi Gregory, que sofria de uma Síndrome de Depleção Mitocondrial, uma doença incurável e degenerativa, depois de desligado o suporte de vida por decisão do tribunal. Recorde-se que a doença mitocondrial é genética e impede as células de produzir energia.
A informação foi avançada pelo pai, Dean Gregory, através de um comunicado divulgado pela instituição de caridade Christian Concern. «Estamos zangados, de coração partido e envergonhados. O NHS [Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido] e os tribunais não só lhe tiraram a oportunidade de viver uma vida mais longa, como também tiraram a dignidade de a Indi morrer na casa da família onde pertencia», escreveram. O casal suplicava à Justiça britânica que fosse ao menos respeitado o direito da pequena de ter uma morte natural, em vez de acelerada pelo desligar forçado do seu suporte vital.
Segundo a Reuters, os médicos do NHS garantiam que Indi sofria de dores lancinantes e que não «fazia sentido continuar com o tratamento». No entanto, os pais discordavam. Para que a filha permanecesse ligada às máquinas, estes deram início a uma batalha legal contra o serviço de Saúde britânico. Apesar de estarem conscientes de que as chances de cura de Indi eram praticamente nulas, os pais queriam exercer o seu direito de tentar sob a sua própria responsabilidade um tratamento experimental na Itália, oferecido por um dos melhores hospitais pediátricos do mundo: o Bambino Gesù, do Vaticano.
Porém, a decisão final de desligar as máquinas acabou por ser tomada por um tribunal londrino na passada sexta-feira, dia 10 de novembro. No sábado, a bebé acabou por ser transferida de ambulância de um hospital em Nottingham, no centro da Inglaterra, para um centro de cuidados paliativos, onde viria a morrer.
Dean e Claire, apesar de não serem religiosos, decidiram batizá-la depois de sentirem o que Dean descreveu como «assédio do inferno» durante a extenuante batalha judicial que a família enfrentou. «Quando eu estava no tribunal, senti como se o inferno me estivesse a atacar. Pensei que, se o inferno existe, então o Céu também deve existir. Era como se o diabo estivesse lá. Pensei que, se o diabo existe, então Deus também deve existir», explicou sobre esse momento ao La Nuova Busola Quotidiana. Ao jornal italiano, o pai acrescentou: «Eu vi como é o inferno e quero que Indi vá para o céu. Queremos ser protegidos nesta vida e ir para o céu».
Além disso, Dean também elogiou o testemunho de um voluntário cristão que visitava Indi todos os dias no hospital e que partilhou com a família a sua certeza de fé de que o batismo «abre as portas do céu». O pai destacou ainda a grande contribuição do apoio jurídico oferecido pela organização cristã Christian Legal Centre.