Países Baixos viram tudo à direita e podem sair da União Europeia

As eleições legislativas nos Países Baixos, um dos mais ricos e desenvolvidos, deram a vitória à extrema-direita. Há quem fale em ventos de mudança na Europa.

Os Países Baixos vão ter um Governo liderado pela extrema-direita depois da vitória do Partido da Liberdade PVV nas eleições legislativas antecipadas realizadas esta semana. Depois de 13 anos de Governo liberal de Mark Rutte, os 13,3 milhões de eleitores optaram pela mudança e deram uma maioria simples ao partido de extrema-direita de Geert Wilders, um eurocético e anti-islamista que  pretende realizar um referendo sobre a continuidade ou não do Países Baixos na União Europeia e o encerramento das mesquitas. O partido de Wilders foi o mais votado e conseguiu 37 deputados, mais do dobro do que nas eleições de 2021; em segundo lugar ficou a coligação entre socialistas e os Verdes liderada por Frans Timmermans, que conseguiu 25 assentos parlamentares. O Partido Popular para a Liberdade e Democracia, de centro-direita, do antigo primeiro-ministro, sofreu uma pesada derrota e foi o terceiro mais votado, conseguindo 24 deputados. A Câmara dos Representantes é composta por 150 deputados, pelo que Geer Wilders vai precisar do apoio de outros partidos para conseguir uma maioria de 76 deputados que lhe permita governar.

Um pouco por toda a Europa, vários líderes da direita celebraram a vitória do Partido da Liberdade PVV. O presidente do Chega, André Ventura, foi direto: «O nosso amigo Geert Wilders acaba de vencer as eleições nos Países Baixos. A seguir será Portugal!», escreveu na rede social X. Marine Le Pen felicitou o líder do partido pelo «desempenho espetacular nas eleições parlamentares, que confirma o crescente apego à defesa das identidades nacionais», escreveu na mesma rede social a antiga presidente do partido francês de extrema-direita, União Nacional. O presidente do Vox, Santiago Abascal, afirmou que «cada vez mais europeus exigem nas ruas e nas urnas que as suas nações, as suas fronteiras e os seus direitos sejam defendidos». Viktor Orbán, primeiro-ministro húngaro e líder do partido Fidesz, utilizou a música Winds of Change (Ventos de Mudança) da banda de rock alemã Scorpions, para dizer que «os ventos da mudança chegaram».