Amiga. Sim. Familiar. Não por laços de sangue. No entanto, por vezes conta bem mais do que isso. Em 2019, ligou-me. Disse-me: «Nunca nos podemos contentar com pouco». Nunca mais me contentei. Quando se referia a ‘contentar com pouco’, referia-se à luta incansável para ajudar os outros. No passado dia 20 de Novembro, o Instituto de Apoio à Criança fez-lhe uma homenagem. Estava eu bastante doente, impossibilitada de ir e contaminar todos os convidados, a sua Presidente que teve a iniciativa de fazer uma homenagem a uma das mulheres mais incríveis que conheço. Acho que rapidamente a ‘empatia’ cria um à vontade. Com ‘empatia’, rapidamente tomei a ousadia de lhe pegar pela mão, de tomar sempre cuidados nas vezes em que estivemos juntas. No entanto, o que isto tem de extraordinário é que esses cuidados foram todos tidos numa retribuição absoluta e maternal. Faz de tudo para ajudar uma causa e são três as que partilhamos. Já são quatro anos de trabalho em conjunto, juntamente com Dulce Rocha (a sua presidente em funções), Rui Pereira, António Garcia Pereira e Isabel Aguiar Branco. No entanto, não quero deixar passar todos os pormenores que a fazem distinta. Desde cumprimentar todas as pessoas que trabalham seja na cozinha onde vamos almoçar, seja limpar um corredor até à garra para telefonar e continuar a fazê-lo sabendo que jamais um incómodo poderá ser incómodo senão a apatia de outro perante o sofrimento humano. São sempre dois minutos dispensados, de uma vida de entrega às causas humanas, mas sei sempre que nunca vão ser dois minutos desperdiçados. Sei que será sempre a primeira dama do meu país, mas mais do que isso, uma mentora, amiga, alguém que tenho sempre junto do coração. Sei que 40 rosas são bonitas, mas decidi transformá-las em palavras e eternizá-las para sempre e para que todos saibam que as homenagens se fazem em vida e de preferência não demasiado tarde, principalmente quando já se fez muito, como criar um instituto com 40 anos de vida e talvez com tendo sido a pioneira no ato de Primeira Dama onde o seu lugar não se ficou por figurativo na posição de acompanhar o Presidente da República, o General Ramalho Eanes, também ele, nosso eterno. É impossível esquecer todos os telefonemas de puro alento, entusiasmo e tenacidade para que a minha e nossa lute continue. Para que jamais pare de o fazer.
Às vezes parece que paradoxalmente falamos e telepaticamente nos unimos em todas estas frentes, juntas pelos direitos das mulheres e crianças. A minha maior homenagem está em cada palavra sentida deste texto, para representar uma mulher à frente do seu tempo, que inspira mulheres com idade para serem suas netas, que lhe dão a mão como se o fossem, com o mais profundo afeto e admiração, como sempre de mãos dadas na luta por um país melhor. Obrigada! Obrigada, Dra. Manuela!
É um privilégio ouvi-la, dar-lhe a mão e lutar ao lado de uma idade que parece desvanecer perante o impacto das suas palavras. Serei sempre grata da razão do nosso encontro, ajudar os outros. Mudar vidas. E no meio deste nevoeiro que pode ser a vida para tantos, foi num dia de sol que acabei por a encontrar! Com um sorriso a vi receber por fotografias, a dita homenagem, rodeada da família que criou para ajudar este país. Essa família quis lembrar-lhe e agradecer-lhe mas principalmente dizer-lhe, que as suas ações mas principalmente a sua figura é eterna e incontornável! Que todos continuem a esperar o seu telefonema de dois minutos a perguntar se existe mais que se possa fazer, seremos com certeza um país muito melhor!