A polícia guineense impediu, esta quarta-feira, o acesso, de alguns deputados, à sede do Parlamento, em Bissau, atirando, para o ar granadas de gás lacrimogéneo para dispersar as pessoas nas imediações do edifício.
Armando Mango, porta-voz dos 54 deputados que pretendiam entrar nas instalações do Parlamento, considerou, em declarações aos jornalistas, que a atuação da polícia “é ilegal”.
A Polícia de Intervenção Rápida (PIR) atirou durante 30 minutos granadas de gás lacrimogéneo para as estradas que dão acesso à sede do Parlamento, acabando por deter alguns dirigentes do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). ´
A escola de primeiro ciclo Patrice Lumumba, que se encontra nas imediações do Parlamento, teve de ser evacuada devido ao fumo do gás lacrimogéneo que se fazia sentir nas proximidades.
Depois da dissolução do Parlamento guineense, que aconteceu no passado dia 4 de dezembro, estava hoje agendada a retoma dos trabalhos parlamentares. Foi nessa perspetiva que os 54 deputados tentavam aceder às instalações do Parlamento, que Armando Mango disse “continuar intacto” à luz da constituição da Guiné-Bissau, que impede a sua dissolução 12 meses após as eleições.
“Quem foi interromper essa continuação foram as autoridades policias, coisa ilegal que nós vamos ponderar que reação face a esta atuação e a sua consequente responsabilização. Nós, enquanto representantes do povo, achamos que devemos continuar a trabalhar porque a Assembleia (parlamento) não foi dissolvida”, observou o porta-voz dos deputados do PAI, Terra Ranka.
O que se passa “é uma tentativa de dissolução” do Parlamento, que, disse, deve prosseguir com os seus trabalhos, desde que cumpra com o regimento e a Constituição da Guiné-Bissau.
“Foi isso que nos levou lá. Viram que fomos recebidos com gás lacrimogéneo, mas isso não nos espanta porque nós estamos determinados a representar o nosso povo porque temos a convicção de que neste país deve reinar o Estado de direito democrático”, sublinhou Mango.