Taylor Swift é a personalidade do ano. O que virá a seguir?

Mas afinal, como é que a artista se prepara para os concertos? Como descansa? De que forma lida com o mediatismo? Com apenas 34 anos, é considerada a artista do século. O que virá a seguir?

Se há quem tenha a fórmula mágica para o sucesso é Taylor Swift. Recentemente, a cantora foi considerada a quinta mulher mais poderosa do mundo, segundo a revista Forbes. Na lista anual elaborada pela revista norte-americana, a artista de 34 anos surge em 5º lugar, a seguir a figuras políticas femininas como Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, Kamala Harris, vice-presidente dos EUA e Giorgia Meloni, primeira-ministra italiana. Para a Forbes, a posição de Taylor Swift deve-se ao seu recentemente adquirido estatuto de multimilionária com a sua fortuna avaliada em 1,1 mil milhões de dólares. A jovem é a primeira artista a entrar para esta lista «com base, apenas, nas suas canções e performances».

Além disso, na passada quarta-feira, a artista somou mais uma conquista à sua carreira, depois de ter sido considerada pela revista Time «Personalidade do Ano» de 2023. «Muito do que Taylor Swift realizou em 2023 é imensurável… Ela está empenhada em dar valor aos sonhos, sentimentos e experiências das pessoas, especialmente das mulheres, que se sentiam negligenciadas e regularmente subestimadas», disse o editor-chefe da revista, Sam Jacobs. Recorde-se que a distinção muitas vezes vai para chefes de Estado ou personalidades da indústria, mas «Taylor Swift encontrou uma forma de transcender fronteiras e ser uma fonte de luz», acrescentou. Também aqui, a cantora é a primeira pessoa no mundo das artes a ser eleita pelo seu sucesso como artista.

Os segredos do sucesso

Depois da distinção, Taylor Swift deu uma entrevista à mesma publicação, onde revelou alguns dos segredos para o sucesso dos seus concertos. Segundo a Times, na primeira etapa da sua digressão ‘The Eras Tour’, Taylor Swift deu 66 concertos. Em cada noite, cantou cerca de 45 canções, durante três horas e mudou de roupa 15 vezes. Por isso, revelou, precisou de uma preparação complexa e intensa que começou «seis meses antes do primeiro concerto»: «Todos os dias corria na passadeira, cantando o alinhamento todo. Punha a passadeira no modo rápido para as canções rápidas, e em modo de caminhada para as mais lentas», começou por explicar. «Depois tive três meses de aulas de dança. Quis estar tão ensaiada que pudesse brincar com os fãs, sem me perder», continuou. Além disso, também deixou de beber álcool: «Fazer um espetáculo destes de ressaca? Não quero viver nesse mundo», garantiu.

Relativamente ao descanso, este é «sagrado» e «extremo» entre concertos. «Só saio da cama para ir buscar comida, e depois volto para a cama e como lá. Mal consigo falar, porque passei três dias a cantar. Sempre que caminho, os meus pés rangem, por ter estado a dançar de saltos altos», descreveu à Times. «Mas sei que, mesmo que esteja doente, lesionada, de coração partido, desconfortável ou stressada, vou para o palco. Isso agora faz parte da minha identidade enquanto humana. Se alguém comprar bilhete para o meu concerto, eu vou dar esse concerto, a menos que haja algum motivo de força maior para cancelá-lo», acrescentou.

Recorde-se que no mês passado, a artista viu-se obrigada a adiar o segundo concerto de três agendados no Rio de Janeiro devido às temperaturas extremas. A sensação térmica atingiu os 50 graus celsius na cidade e houve mesmo uma fã de 23 anos que acabou por falecer. Depois da tragédia, Taylor Swift reagiu na sua conta de Instagram: «Não acredito que estou a escrever estas palavras, mas, com o coração partido, tenho de dizer que perdemos um fã esta noite, antes do meu concerto. Não consigo expressar o quão devastada estou com isto. Tenho muito pouca informação, para além do facto de que ela era incrivelmente bonita e demasiado jovem», escreveu.

Comparações e mentiras

Na mesma entrevista à Times, a multimilionária também falou do facto das mulheres estarem constantemente a serem comparadas. No seu caso, é muitas vezes comparada a Beyoncé: «Ela é uma pessoa preciosa. Calorosa, aberta e divertida. E mudou as normas da indústria da música. Ensinou-nos a desafiar as práticas arcaicas deste negócio», disse sobre a colega. «Este verão, houve tantas digressões de estádio, mas as únicas que foram comparadas entre si foram a minha e a da Beyoncé. É muito lucrativo para os media e para a cultura dos fãs pôr duas mulheres uma contra a outra, mesmo que ambas se recusem a participar nesse debate», acredita a cantora. «Em termos de estereótipos, às mulheres sempre se disse que nos sentimos atraídas pelos sentimentos, pelo amor, pelas separações, por analisar esses sentimentos, por lantejoulas e brilhos! E ensinaram-nos que essas coisas são mais fúteis que aquelas que habitualmente associamos aos homens. E o que é que existe desde o começo dos tempos? Sociedades patriarcais. E o que é que alimenta as sociedades patriarcais? Dinheiro, lucros, economia. Por isso, se olharmos para isto da forma mais cínica possível, se as ideias femininas se tornarem lucrativas, isso significa que haverá mais arte feminina. É muito animador», refletiu ainda.

Relativamente à pressão dos media e à sua exposição, Taylor Swift garantiu que há uns anos, decidiu viver de forma «mais livre». «Ao longo dos anos, aprendi que não tenho tempo nem capacidade para me preocupar com coisas que não importam. Sim, se quiser ir jantar fora, isso vai gerar o caos no restaurante. Mas quero ir jantar com os meus amigos na mesma. A vida é curta. Tenham aventuras. Nunca vou recuperar os anos que vivi trancada em casa. E agora tenho mais confiança do que há seis anos», aconselhou, referindo-se ao período onde se sentiu «cancelada» depois de polémica com Kanye West.

A «guerra» começou em 2009. O rapper invadiu o palco dos prémios da MTV, afirmando que o prémio conquistado por Taylor Swift deveria ter sido entregue a Beyoncé. Sete anos depois, o artista garantia que Swift tinha dado luz verde à letra da música Famous, na qual se refere à mesma como «bitch», em português «cabra». A cantora desmentiu as afirmações, no entanto, a então mulher de West, Kim Kardashian, revelou uma chamada telefónica entre o seu marido e a artista, na qual a artista parecia autorizar a letra.

Apesar da gravação parecer real, segundo Taylor Swift, não passou de uma montagem. «Foi a morte da minha carreira. A Kim Kardashian tramou-me, com uma chamada telefónica gravada ilegalmente e editada por ela, que mostrou ao mundo para provar que eu era mentirosa. Isso deitou-me abaixo de forma inédita», lamentou à Times. O que teve várias consequências: a cantora foi viver para o estrangeiro, alugou uma casa e não saiu durante um ano. «Tinha medo de falar ao telefone. Afastei quase toda a gente da minha vida porque deixei de confiar nos outros. Achei que este momento iria definir-me para sempre», admitiu.

Foi nessa altura que percebeu que «as editoras discográficas tentavam substituir os artistas que já não são tão jovens, ou fáceis de controlar». Tendo isso em conta, decidiu mudar. «Quando um artista já é maduro para saber lidar psicologicamente com este trabalho, deitam-nos no lixo. Geralmente é por volta dos 29 anos. Pensei: ‘Então vou substituir-me por uma nova Taylor’. É mais complicado atingir um alvo em movimento. Eu respondo à dor extrema com uma atitude de desafio», admitiu ainda.

Atualmente, sente-se mais forte. «Não vale a pena tentar ‘derrotar’ os nossos inimigos. O lixo acaba sempre por seguir o seu caminho», frisou.

De uma pequena cidade para o mundo

Taylor Alison Swift nasceu numa pequena cidade no estado da Pensilvânia, EUA. Com 11 anos ficou obcecada com a música das maiores artistas do mundo country, como Shania Twain e as Dixie Chicks, e aos 12 atuou pela primeira vez para uma grande plateia, cantando o hino nacional americano num jogo de basquetebol. Foi também com essa idade que escreveu a sua primeira música, Lucky You e aprendeu a tocar viola. Depois de ver um documentário sobre a cantora norte-americana Faith Hill convenceu os pais de que tinha de ir para Nashville, no Tennessee, entregar maquetes com covers de músicas country. Aos 14 anos, o seu sonho concretizou-se, a jovem tornou-se cantora de música country, assinando um contrato com a Sony/ATV Music Publishing, em 2004 – deixou a editora um ano depois pelas limitações impostas e o desejo de lançar um álbum próprio.

Em 2005, a sua apresentação num café em Nashville chamou a atenção de Scott Borchetta, um antigo executivo da Universal Music que se preparava para lançar a sua editora, a Big Machine Records. Borchetta acabou por contratar Taylor Swift. Em outubro de 2006, aos 16 anos, a jovem lançou o seu primeiro disco, intitulado Taylor Swift, considerado um sucesso no meio musical e elogiado pelo The New York Times — vendeu 39 mil cópias durante a primeira semana. Seguiram-se outros 10 álbuns que, pelos números e impacto que têm atingido, dão força à reivindicação, feita por muitos dos seus fãs, de que Taylor Swift é a artista do século.

Em agosto, tornou-se a primeira artista mulher a atingir a marca de 100 milhões de ouvintes mensais na história do Spotify, de acordo com a BBC. Além disso, é a primeira e única artista mulher a solo a ganhar o prémio Grammy de Álbum do Ano por três vezes, com os álbuns Fearless (2009), 1989 (2015) e Folklore (2020).

Em dezembro, o portal USA Today partilhou um anúncio de emprego para um repórter especializado na cantora. O anúncio procurava um jornalista e criador de conteúdo experiente para «capturar o impacto cultural e musical de Taylor Swift». Com apenas 34 anos – completados no passado dia 13 de dezembro – , a artista já deixou a sua marca. O que virá a seguir?