Laranja do Algarve em risco devido à falta de água

Produtores da laranja algarvia pedem ajuda para salvar a produção que, devido à seca, pode levar ao “desaparecimento” desta cultura no concelho algarvio.

Os produtores de laranja algarvios, maioritariamente os da região de Silves, alertam “todos os governantes” e “entidades que tutelam esta área” para a falta de água e alertam ainda para o risco de desaparecimento da cultura de citrinos, pois estão à dois meses a racionar água”.

“Apelamos a todos os governantes, entidades que tutelam esta área, que nos ajudem, porque sem ajuda não sei como é que vamos conseguir sobreviver com uma planta que é de regadio e que necessita obrigatoriamente de água e que também é o ex-líbris deste território”, avançou o presidente da Associação de Regantes e Beneficiários de Silves, Lagoa e Portimão, à agência Lusa.

O dirigente teme que a falta de água possa levar a quebras importantes na produção normal, na região do país com maior taxa de produção de citrinos, uma situação que pode levar ao “desaparecimento” desta cultura no concelho algarvio.

“A situação é muito preocupante. É preocupante na medida em que nós estamos em plena colheita, portanto nós estamos agora na altura da colheita da laranja, e estamos com um problema de seca severa e com um problema de falta de água nesta zona”, sublinha João Garcia.

“Desde 2019 que não teme existido praticamente precipitação nenhuma neste território” alertou o agricultou, que explicou que, maior parte dos produtores, teve que recorrer ao “racionamento de água” nos últimos três anos.

“Só que chegamos a um ponto que não temos água. Portanto, esta é a situação mais preocupante”, desabafou João Garcia.

O presidente da associação assegura que, caso a seca se mantiver, conforme se pressupõe, “a produção [de laranja] vai cair”, com todas as consequências que isso terá, como a subida de preço e a diminuição das exportações.

“Presentemente estamos à espera do São Pedro. Porquê? Porque não temos outra forma de pôr água na nossa albufeira sem ser pela precipitação”, disse o presidente da Associação de Regantes e Beneficiários de Silves.

Relativamente aos projetos, que têm sido debatidos, para tentar mitigar os efeitos da seca na região do Algarve – nomeadamente a construção da dessalinizadora ou a possibilidade de transvases de água do norte para o sul do país – João Garcia é categórico e afirma que espera a concretização desses projeto, porém “a grande preocupação é amanhã, e amanhã não temos água”.

O produtor de citrinos recorda que as temperaturas estão “acima do normal” para a época e que não se prevê a chegada da chuva que poderia atenuar a dificuldade em obter água.

“A precipitação não está prevista nos próximos tempos e não sei como é que vai ser agora, se o São Pedro não nos ajudar, não sei como é que vai ser a próxima campanha. Podemos estar aqui à beira de uma de uma situação muito complicada”, sustentou.