O Dia de Reis, celebrado anualmente a 6 de janeiro, é conhecido como o momento em que se encerram as celebrações natalícias para os católicos e que, a maior parte das pessoas, desmonta a árvore de Natal. Além disso, é nesse dia que se apagam as luzes de Natal nas ruas. Na tradição cristã, este representa o dia em que Jesus Cristo recém-nascido terá recebido a visita de magos do Oriente, guiados por uma estrela. De acordo com os textos bíblicos e as histórias que passam de geração em geração desde o século VIII, os três Reis Magos – Belchior, Gaspar e Baltazar – ofereceram ao Menino Jesus ouro, incenso e mirra – o ouro representa a riqueza, o incenso é utilizado em orações religiosas e a mirra servia para embalsamar os mortos. No entanto, é importante salientar, tal como têm referido vários especialistas, que não existe uma especificação na Bíblia de serem “três” os reis magos, podendo ser até mais. Como foram três presentes, existe essa inferência de que cada um trouxe uma oferta. Este dia é também conhecido como Festa da Epifania, que comemora a manifestação de Jesus aos homens como o Filho de Deus. Ou seja, significa a chegada ou confirmação de que este teria chegado.
Como manda a tradição, por norma, em Portugal, as pessoas vão para as ruas cantar as “janeiras”, de porta em porta – sobretudo nas pequenas vilas – e, como forma de agradecimento, os moradores das casas oferecem aos cantores, alguns doces, ou outras iguarias. Por mais que muita gente não o aprecie, sobretudo pelas frutas cristalizadas que o enfeitam, o Bolo Rei é provavelmente a iguaria protagonista nesta época. Segundo o The Portugal News, a sua história remonta aos festejos romanos. No entanto, a Igreja Católica, mais tarde, aproveitou a tradição e converteu-a para o cristianismo.
Além disso, durante muito tempo, o Bolo Rei trazia um pequeno brinde e uma fava. Há quem aproveitasse a data para dar mais alegria às crianças que, de coroa na cabeça, desejavam encontrar o brinde que, segundo a lenda, lhes traria alegria. A fava, por outro lado, ditava quem teria de oferecer o Bolo Rei no ano seguinte. Mas em 1999, a lei portuguesa ditou que não seria permitido colocar brindes no Bolo Rei, já que isso poderia constituir um perigo para a saúde, devido à possibilidade de asfixia, ou de doenças gástricas.
Dia de Reis pelo mundo As tradições da comemoração do Dia da Epifania e da noite de Natal acabaram por se misturar ao longo dos séculos. Por exemplo, a troca de presentes acontecia no Dia de Reis (quando de facto os reis magos presentearam o Menino Jesus) e não na noite de Natal. Estando as datas muito próximas, os hábitos foram-se alterando. No entanto, há quem continue a fazê-lo dessa maneira, principalmente nos países hispânicos como Espanha. De acordo com a CNN Brasil, em várias partes do país, ao pôr-do-sol do dia 5 de janeiro, também é feito um desfile com pessoas em roupas típicas tradicionais montadas em cavalos, conhecido como “Cavalgada do Dia de Reis”. Também em Itália, muitos italianos fazem a troca de presentes neste dia, ao invés de no dia de Natal. Existe ainda uma lenda italiana que conta a história de uma bruxa “bondosa” que presenteava as crianças que fizeram bons atos durante o ano e daria pedaços de carvão ou cinzas àqueles que fizeram mais asneiras. Segundo a tradição, as crianças devem, por isso, colocar meias na janela no dia de Reis para receber o seu presente e perceber se são bem comportados ou desobedientes.
A tradição francesa é bastante parecida com a portuguesa, estendida também a várias regiões do Canadá. A Galette des rois, feita com massa folhada, manteiga, ovos e amêndoas, contém um brinde no seu interior – uma pequena coroa escondida. O felizardo que ganhar a coroa na sua fatia é considerado o “rei da noite”.
Na Argentina e no Uruguai, por exemplo, come-se a chamada Rosca de Reyes, bastante parecida ao Bolo Rei, mas recheado com chantilly ou natas, atualmente também com café, trufa ou chocolate. Além disso, existe a tradição das crianças deixarem um sapato junto à porta com erva e água para os camelos dos Reis Magos.
Já na Finlândia fazem-se bolachas de gengibre em forma de estrela ao mesmo tempo que se pede desejos. Segundo a tradição, a bolacha deve ser repartida em três e comida em silêncio, para que cada desejo se realize.
Neste dia, na Bulgária, um padre atira uma cruz de madeira para dentro de água e os homens mais jovens devem mergulhar para a resgatar. Acredita-se que quem a conseguir encontrar, terá saúde e sorte nesse ano. Tanto na Hungria, como na Alemanha, as crianças vestem-se de Reis Magos. No primeiro país, estas transportam presépios nas mãos e vão de porta em porta pedir moedas. Já no segundo, escrevem as iniciais do nome nas portas das casas.
No Brasil, conhecido pelo seu ambiente festivo todo o ano, no Dia dos Reis, acontece a “Folia dos Reis”, a manifestação religiosa praticada pelos católicos, na qual se juntam bastantes pessoas a tocar diversos instrumentos. Além disso, nas festas servem-se doces e comidas típicas.
Em Cuba, desde o tempo da colonização espanhola, também persiste a tradição de celebrar os Reis. Nessa época, no dia 6 de Janeiro, dava-se folga aos escravos e estes saíam à rua para dançar ao som dos tambores. É por isso que este dia ainda é conhecido como a “Páscoa dos Negros”.
Em Luisiana, um estado do sudeste dos EUA, no Golfo do México, o dia marca o início das preparações do Carnaval. A tradição é de comer o “King Cake”, semelhante ao Bolo Rei de Portugal. Por fim, na Irlanda, o dia é considerado o “Natal das Mulheres” e, por isso, estas ficam a descansar. Muitas mulheres acabam mesmo por combinar um encontro e partilharem uma refeição.