O jogo era fundamental para Portugal e Suécia, já que a vitória valia a presença nas meias-finais do Campeonato da Europa de andebol, que se realiza na Alemanha, mas também um lugar no torneio pré-olímpico de apuramento para Paris 2024. As duas seleções já se tinham defrontado três vezes, os suecos venceram dois jogos e os portugueses um. Nos encontros anteriores Portugal tinha demonstrado que podia jogar de igual para igual com qualquer equipa, só que desta vez a Suécia fez questão de lembrar que é a atual campeã europeia e venceu (40-33), sendo claramente superior no segundo período de jogo. O sonho dos Heróis do Mar de fazerem o que nunca tinha sido feito antes, que era chegar às meias finais, caiu por terra, mas há outras coisas para ganhar neste torneio.
Depois de uma primeira parte equilibrada, que terminou com a Suécia na frente (19-15), Portugal teve uma fase de desacerto no segundo período, com falhas técnicas consecutivas e ataques não concretizados, e entregou a vitória à Suécia. Foi assim que o resultado se foi avolumando com o passar dos minutos para terminar com uma confortável vantagem daqueles que eram os favoritos.
Confiança
A derrota não afetou a confiança da equipa e o selecionador Paulo Pereira mantém o foco no objetivo principal da competição: “Perdemos apenas com duas equipas do Top 3 mundial e estou extremamente orgulhoso com os meus atletas, que estão a fazer um Campeonato da Europa acima das previsões. Estamos quase garantidos no torneio pré-olímpico, que era o nosso objetivo principal. Vamos aguardar mais um pouco”, disse com natural confiança. Após oito dias de grande intensidade competitiva “é importante os atletas estarem sólidos física e mentalmente”, referiu o selecionador antes do jogo de hoje com os Países Baixos, que considerou ser “uma partida com responsabilidade acrescida. Temos argumentos individuais e coletivos para vencer, creio que estamos muito perto de atingir o nosso objetivo. Espero que consigamos levar Portugal à Lanxess Arena para todos nos verem jogar, seria fantástico”, sublinhou.
Martim Costa tem feito um Europeu de grande nível, mas admitiu que a seleção esteve menos bem no último jogo. “Foi difícil para nós. Queríamos vencer, mas a Suécia é uma das melhores seleções do mundo. Estivemos bem no ataque, mas falhámos algumas coisas na defesa. A Suécia esteve muito bem no um contra um e ganhou muitos duelos contra os nossos defensores”.
A caminhada vitoriosa de Portugal neste Europeu só foi travada pela campeã mundial Dinamarca e pela campeã europeia Suécia, o próximo adversário são os Países Baixos, que estão eliminados do torneio pré-olímpico. A rivalidade entre as duas seleções é antiga e fica marcada por três vitórias para cada uma e um empate. As partidas mais recentes foram extremamente disputadas e decisivas. No Europeu de 2022, a seleção portuguesa perdeu pela diferença mínima e acabou eliminada. Poucos meses depois, voltaram a defrontar-se na qualificação para o Mundial de 2023, registou-se uma vitória para cada equipa e Portugal foi apurado pela diferença de golos.
Um triunfo dos Heróis do Mar garante o terceiro lugar no grupo e a presença no jogo de atribuição do 5.º e 6.º lugares com o terceiro classificado do grupo I (Alemanha, Áustria ou Hungria), mas o empate ou até a derrota serve a Portugal desde que a Eslovénia não faça melhor do que a equipa portuguesa na última jornada. Fora da luta pelas medalhas, resta esperar uma conjugação favorável de resultados para garantir o lugar no torneio que dá acesso aos Jogos Olímpicos Paris 2024, onde vão estar as 12 melhores seleções do mundo.
Que começo!
Portugal entrou muito bem na ronda principal e causou surpresa ao derrotar duas seleções teoricamente mais fortes. A Noruega tinha a obrigação de vencer, mas perdeu com Portugal, que fez um jogo excecional e venceu com uma vantagem inesperada (37-32). Pedro Portelo foi um dos protagonistas do encontro com oito golos e considerado o melhor jogador em campo. No final da partida foi claro ao afirmar: “Podemos bater-nos com qualquer seleção e não vamos ficar por aqui”, dito e feito.
O segundo jogo do grupo foi contra a Eslovénia. Também aqui a equipa adversária era favorita, bastava olhar para o histórico: seis vitórias contra duas de Portugal. Só que Portugal voltou a surpreender, esteve sempre por cima do jogo e venceu (33-30) uma seleção que ocupa um lugar no Top 10 mundial. Martin Costa foi considerado o melhor jogador em campo com uma exibição de luxo e 11 golos. “Os eslovenos são bons no um para um, só que estávamos preparados para essa luta e defendemos muito bem”, disse o primeira linha de Portugal.
O desempenho dos jogadores portugueses não passou despercebido aos organizadores, e na hora de eleger as cinco melhores defesas e os cinco melhores golos da ronda principal apareciam os nomes do guarda-redes Diogo Rêma e do ponta Pedro Portela.
As estatísticas fornecidas pela organização confirmam o bom desempenho da seleção nacional no Europeu. Com seis jogos realizados, Portugal é a equipa mais rematadora do torneio com 299 remates e a terceira em termos de eficácia com 191 golos marcados. É também a terceira em eficácia nos livres de sete metros, com 20 golos em 24 tentativas. Além de jogar bem, a equipa treinada por Paulo Pereira também corre muito, foi a que percorreu maior distância em seis jogos com 186,5 quilómetros, e a segunda melhor no número de passes efetuados, em 4.470 concretizou 4.424, ou seja, teve um aproveitamento de 99%. Martin Costa é o melhor marcador do Europeu com 46 golos, Leonel Fernandes é o segundo com maior distância percorrida com 24,5 quilómetros.
Desde a fase preliminar que este Europeu tem provocado grandes surpresas, a começar pela eliminação da favorita Espanha, que só ganhou um jogo no seu grupo, e foi eliminada da ronda principal. No grupo I, a França campeã olímpica, está bem lançada para garantir o apuramento para as meias finais, deixando a Alemanha, Áustria e Hungria a lutarem pelo segundo lugar. No grupo II, a Dinamarca e a Suécia estão apuradas para os jogos de atribuição das medalhas.