Boa para guardar livros. Ou 75.800€’. A IKEA colocou nas ruas uma campanha publicitária que faz referência à Operação Influencer, a que levou à demissão de António Costa e à queda do Governo.
A corrupção está tão disseminada no nosso país que já marcas grandes como a IKEA parodiam a palhaçada em que se tornou a política portuguesa. Normalmente, as marcas são particularmente avessas ao envolvimento político, têm muitos escrúpulos e receios, preferindo uma certa neutralidade. Aliás, nos últimos anos, com a cultura de cancelamento, o wokismo e a policia do politicamente correto (com o seu ódio nas redes), esses cordões sanitários das grandes empresas por causa das hordas de ofendidos ainda engrossaram mais e, salvo honrosas exceções, religião e política são áreas evitadas (embora já tenha existido muito marketing deste tipo). A não ser que essa mesma política advenha mainstream, claro. Por isso, a IKEA tem feito campanhas pela ideologia de género ou, por exemplo, durante o covidismo alinhou pela bitola dominante e até exigia certificado de vacinação para se poder comer aquelas almôndegas que, em tempos, foram dadas como contaminadas com matéria fecal. Adiante. O facto da Ikea agora brincar com o tráfico de influências, prevaricação, etc. é um sinal dos tempos. Já todos perceberam e interiorizaram que Portugal é um país corrupto e este dado só não é mainstream para a elite política e seus acólitos. Essa casta insiste em rotular de demagogo quem denuncia o cancro, para corporativamente se proteger, claro.
Esses mesmos agora também advogam que a IKEA passou limites, que o seu fundador (falecido há anos) era nazi e até que tudo isto é para favorecer o Chega (quando, na verdade, o seu crescimento é tudo o que convém ao PS ). O que essa turba não suporta é a independência de uma empresa que não está na mama do Estado, que goza de vastos graus de liberdade, dá-se ao saudável luxo de desprezar a lusa cultura do respeitinho, não se mete em sabuja genuflexão perante o poder político. Bom, a turba também não tolera que tenha tido toda uma máquina inteira de spin a trabalhar para que só se falasse no famigerado parágrafo, esquecendo-se o dinheiro vivo no meio de livros em São Bento, para agora virem uns suecos meter o dedo da ferida.
Percebam, que dói menos: trata-se de uma empresa privada que recorre ao marketing que entende, retirando daí as devidas consequências positivas (mais lucro) ou negativas (menos lucro). E num país livre e democrático não é proibido satirizar políticos, seja com caricaturas seja com piadolas. O que é censurável nesta história não é a suposta audácia da retalhista de mobiliário mas sim os quase 80k encontrados na residência oficial do primeiro-ministro.
Por fim, as reações a esta campanha revelam uma nação que até consegue identificar um dos seus principais problemas, rir-se, mas que, no fim, vota nos mesmos ou em quimeras e ilusões .
Viva a Liberdade.