Dacia aventura-se no Dakar

A um ano de distância, a Dacia apresentou o protótipo Sandrider com que vai disputar o Dakar 2025 com uma equipa de pilotos de luxo.

O mítico Dakar continua a atrair os construtores automóvel. Depois de a Audi gastar todas as fichas para vencer a prova mais difícil do mundo com um veículo elétrico, é a vez da Dacia ir a jogo em 2025 com o Sandrider, que será conduzido por Nasser Al-Attiah, pentavencedor do Dakar, Sébastien Loeb, nove vezes campeão do mundo de ralis, e Cristina Gutierrez, que venceu a categoria Challenger no Dakar deste ano. O desafio do deserto saudita é uma forma de a Dacia reforçar a imagem de marca numa altura que tem obtido excelentes resultados comerciais, sobretudo na Europa. O carro é claramente inspirado no concept car Manifesto apresentado em 2022, tem chassis tubular, carroçaria em fibra de carbono e motor V6 3.0 biturbo com 360 cv (de origem Nissan/Infiniti), e destina-se a competir na categoria de topo, a T1+ Ultimate.

Para enfrentar as exigências do Dakar, o motor, a caixa sequencial de seis velocidades e o sistema de tração integral vão ser intensamente trabalhados para conseguir a máxima fiabilidade. De notar que o motor V6 vai usar combustível sintético produzido pela Aramco para reduzir o impacto ambiental. A experiência dos pilotos e co-pilotos nos rally-raid tem sido fundamental para ajudar os engenheiros e designers da marca a desenvolver o carro. Loeb considera que “é um projeto muito profissional, com grande investimento da marca. Estou concentrado no desenvolvimento do carro e há muitos testes para realizar. É a minha prioridade para este ano», disse o piloto francês.

O veículo foi concebido pelo departamento de competição da Alpine em colaboração com a Prodrive, que alinhou com o Hunter e derrotou os Audi em várias etapas do Dakar. Os responsáveis pelo projeto Dacia garantiram que o Sandrider nada tem a ver com o Hunter, que é outro conceito, todos os sistemas são novos, tem melhor repartição de peso e mais espaço no habitáculo. Embora sejam carros diferentes, Loeb considera que “podemos utilizar a experiência do Hunter para desenvolver o novo projeto e maximizar as hipóteses de vencer o Dakar”, fala quem sabe.

O Sandriver tem algumas particularidades. A pintura antirreflexo utilizada na parte superior do painel de instrumentos – uma técnica inspirada na indústria aeronáutica – destina-se a otimizar a visibilidade. O painel de instrumentos modular do Sandrider permite que cada ocupante adapte a ergonomia e a disposição de certos elementos às suas necessidades. As bacquets Sabelt são estofadas num tecido especial anti-bacteriano que regula a humidade. As rodas suplentes estão descobertas para facilitar o manuseamento, a exemplo do que acontece no Audi que venceu o Dakar este ano. A carroçaria tem uma placa magnética para evitar que os parafusos de fixação das rodas se percam na areia. A pintura da carroçaria utiliza pigmentos anti-infravermelhos para baixar a temperatura no habitáculo nas longas etapas de deserto e usar menos a climatização e baixar o consumo.


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Outra particularidade é que Tiphanie Isnard vai ser a diretora desportiva da equipa, não é habitual uma mulher desempenhar esta função no desporto automóvel mundial. Os testes começam em abril e terminam com a participação no Rali de Marrocos, em outubro, que é a primeira prova de fogo do Sandrider antes da grande aventura em janeiro de 2025. Além de disputar o Dakar no próximo ano, a Dacia vai também participar no Campeonato do Mundo de Rally-Raid. Se a prova do Automóvel Club de Portugal se mantiver no calendário FIA podemos ver o Dacia Sanrider a correr no nosso país.