Râguebi. Seis nações atrás da irrequieta bola oval

O Torneio das Seis Nações de râguebi começa sexta-feira com o França-Irlanda, um jogo imperdível naquela que é a competição de seleções mais antiga do mundo.

Durante cinco semanas a paixão pelo jogo acelera e assistimos a uma romaria às catedrais do râguebi para ver jogar as seis melhores seleções do Hemisfério Norte, que são a Irlanda, França, Inglaterra, País de Gales, Escócia e Itália. São 15 partidas onde se espera grande espetacularidade, intensidade e suspense. O kickoff é dado no França-Irlanda (20 horas, Sport TV6), duas seleções que reúnem o maior favoritismo entre os especialistas e não só. É o primeiro jogo que estas seleções fazem depois de serem eliminadas nos quartos de final do Mundial de 2023 pela Nova Zelândia e África do Sul, que foram as finalistas.

A França é quarta no ranking da World Rugby e mudou bastante desde a última grande competição. Apresenta seis jovens estreantes e uma vontade enorme de vencer todos os jogos e ganhar novamente um grand slam este ano. A Irlanda ocupa o segundo lugar no ranking mundial. É uma equipa muito forte e disciplinada, que comete poucas faltas, e possui uma mistura de jogadores experientes e novatos, pelo que vai ser um adversário difícil para os franceses. O primeiro grand slam da Irlanda começou precisamente com um triunfo sobre a França, em Paris, em 1948. A seleção irlandesa representa toda a ilha da Irlanda, o que inclui a República da Irlanda e a Irlanda do Norte. Esta divisão provocou grande controvérsia com a bandeira e o hino. Quando a seleção jogava na Irlanda do Norte escutava-se o britânico “God Save the Queen”, quando atuava na República da Irlanda ouvia-se o irlandês “Amhrán na bhFiann”. Nos jogos fora da ilha, não se executava qualquer hino, mas isso foi ultrapassado com a criação do hino do râguebi chamado “Ireland’s Call”. A utilização da bandeira também deu confusão. Os adeptos da República da Irlanda utilizam a bandeira da Irlanda, os adeptos unionistas da Irlanda do Norte (pró-Reino Unido) utilizam o estandarte do Ulster, alguns utilizam também a bandeira do Reino Unido.

A Inglaterra fez um bom Mundial, foi eliminada à justa na meia-final pela África do Sul (15-16), e este torneio pode marcar o renascimento da “Rosa”, que não vence o torneio desde 2020. A seleção inglesa está em fase de transição, com novos talentos a ocupar o lugar dos veteranos. O País de Gales é uma seleção que alia experiência e qualidade. Há uma mistura interessante de jogadores experientes e jovens, cada um trazendo mais-valias à equipa. A Escócia quer repetir o bom torneio feito o ano passado, terminou em 3.º lugar, e pode surpreender com a presença de novos talentos. Apesar de não vencer um jogo há dois anos, a Itália apresenta sinais de desenvolvimento e maior competitividade e vai querer fugir da “colher de pau”.

O Torneio das Seis Nações é conhecido pela sua imprevisibilidade e por jogos emocionantes. A Irlanda e a França são as favoritas das casas de apostas, com a Inglaterra um pouco atrás. Escócia, País de Gales e Itália não são favorecidos. Os fãs de râguebi podem acompanhar a competição através da Sport TV.

A competição segue o mesmo sistema de pontuação do Mundial. A vitória vale quatro pontos, o empate um ponto e há também bónus ofensivo e defensivo. A equipa que concretize pelo menos quatro ensaios num jogo recebe um ponto de bónus ofensivo, se uma equipa perder por sete pontos ou menos recebe um ponto de bónus defensivo. Um país pode, em cada partida, amealhar dois pontos de bónus.

História antiga A prova começou em 1883 com a designação Home Nations Championship, uma competição 100% britânica pois reunia a Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda. A França juntou-se em 1910 e deu origem ao Torneio das Cinco Nações, que passou a Seis Nações com a entrada da Itália em 2000. O torneio é organizado pelo Comité das Seis Nações e pela empresa Six Nations Rugby Limited. Ao longo da história assistiu-se a grandes mudanças, a atuações memoráveis e a momentos inesquecíveis que apaixonaram os adeptos. O País de Gales tem 129 presenças seguido pela Inglaterra com 127, ambos têm 39 vitórias. A Inglaterra é recordista em Grand Slam, com 13, seguida pelo País de Gales com 12. A Irlanda foi a última equipa a conseguir esse feito em 2023.

Por outro lado, a seleção que perder todos os jogos leva para casa a “colher de pau”. Dentro deste torneio há uma outra competição entre seleções do Reino Unido que é a Tripla Coroa, entregue a quem vencer todos os jogos frente aos outros três países. Outro momento marcante deste torneio é o jogo França-Inglaterra, conhecido por “crunch”. Simboliza as antigas rivalidades militares entre os dois países, hoje em dia é nos relvados que se desenrola essa luta com a Inglaterra a dominar com 60% de vitórias.

Outros países tentaram participar na competição, caso da Roménia e Geórgia, mas sem resultado, uma vez que os organizadores não querem alargar este torneio de elite. O melhor que conseguiram foi participar no Rugby Europe Championship, que não é mais do um Torneio das Seis Nações B, onde Portugal tem obtido excelentes resultados, venceu em 2003/04 e foi vice-campeão em 2020/21. Mais recentemente, a federação internacional anunciou a criação de uma competição secundária em 2026 designada Taça das Nações, onde Portugal vai participar integrado na divisão B.

Calendário

1.ª jornada

França-Irlanda (2 de fevereiro)

Itália-Inglaterra (3 de fevereiro)

País de Gales-Escócia (3 de fevereiro)

2.ª jornada

Escócia-França (10 de fevereiro)

Inglaterra-País de Gales (10 de fevereiro)

Irlanda-Itália (11 de fevereiro)

3.º jornada

Irlanda-País de Gales (24 de fevereiro)

Escócia-Inglaterra (24 de fevereiro)

França-Itália (25 de fevereiro)

4.ª jornada

Itália-Escócia (9 de março)

Inglaterra-Irlanda (9 de março)

País de Gales-França (10 de março)

5.ª jornada

País de Gales-Itália (16 de março)

Irlanda-Escócia (16 de março)

França-Inglaterra (16 de março)