A LUZ contou a história de Magda e Paulo, que se conheceram há mais de 30 anos, foram grandes amigos e depois tiveram um período sem se encontrarem, sendo que volvidos dois anos tal aconteceu e permanecem juntos desde então. Casaram-se durante a pandemia, seguindo um plano que tinham feito: se tivessem filhos, casariam antes; se não, casariam no aniversário de 25 anos de namoro. Infelizmente, enfrentaram dificuldades para conceber naturalmente e passaram por vários tratamentos de fertilidade sem sucesso até que, finalmente, o seu filho Bernardo Maria nasceu, trazendo imensa felicidade às suas vidas. E o bebé celebrou um ano com uma festa, no Vandelli Botanical Garden, no passado dia 20 de janeiro.
Mas já lá vamos. A jornada do casal levou-o a apoiar a Associação Portuguesa de Fertilidade (APFertilidade), que oferece suporte, informação e defesa a casais que enfrentam problemas de fertilidade em Portugal. A diretora-executiva da associação, Joana Freire, também teve a sua própria experiência com a infertilidade, o que a motivou a ajudar os outros. Além disso, Eurico Reis, ex-presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, destacou os desafios legislativos e estruturais em redor da fertilidade assistida em Portugal. Enfatizou a importância da investigação científica, do aumento dos recursos disponíveis e da regulamentação adequada para melhorar o acesso e a eficácia dos tratamentos de fertilidade.
Magda e Paulo decidiram comemorar o primeiro aniversário de Bernardo Maria de uma maneira especial, inspirados no livro ‘O Principezinho’ e no apoio da APFertilidade. Organizaram um aniversário solidário, onde pediram donativos para a associação em vez de presentes para o filho, visando ajudar outras famílias que enfrentam desafios semelhantes. O evento foi inédito em Portugal, naquilo que diz respeito à celebração do primeiro aniversário de uma criança de forma solidária.
“Foi um evento muito especial e emocionante, cheio de detalhes cuidadosamente planeados e momentos inesquecíveis. Desde a decoração encantadora até às atividades divertidas, como caricaturas e performances, tudo parece ter sido pensado para tornar o dia memorável não só para o Bernardo Maria, que perceberá tudo um dia, mas também para todos os presentes”, explicam à LUZ Magda e Paulo. “A partir daqui, gostaríamos de fazer um evento anual similar e lançar um livro. Gostaríamos muito de continuar a ter o apoio da APFertilidade, do juiz Eurico Reis e de todas as pessoas que fizeram este dia tão especial, como familiares, amigos e quem está diretamente relacionado com a causa da infertilidade”, sublinham.
De acordo com a APFertilidade, cerca de 15 a 20% dos casais enfrentam problemas de infertilidade, mundialmente, o que representa aproximadamente 300 mil casais em Portugal. Dessas situações, aproximadamente 30% estão relacionadas com questões de saúde específicas da mulher, outros 30% estão ligados a problemas de saúde do homem, 20% são atribuídos a combinações de fatores tanto femininos quanto masculinos, e os restantes 20% não têm uma causa clara identificada.
“Para nós a infertilidade nunca foi e continua a não ser um tabu. Somos progressistas e liberais, principalmente a nível de consciência. Mas para muita gente parece que ainda é assim um ‘papão’ e que somos uns heróis. Lá fora este tema é encarado com imensa naturalidade e temos de dar passos em frente para que o mesmo aconteça aqui”, frisa Paulo, politólogo, gestor e consultor de political & economic intelligence, contando com a concordância de Magda. “Nós damos a cara por esta causa, mas entendemos que ainda existe muito medo e preconceitos associados”, diz a arquiteta.
“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”, lia-se no bolo do pequeno Bernardo Maria, aludindo àquilo que a raposa disse ao Principezinho, sendo que este repetiu a frase para memorizá-la. Desprezar as trivialidades e explorar o cerne do que realmente importa, aquilo que reside no âmago de cada um, foi a lição personificada pela raposa, que foi crucial para o pequeno príncipe e para todos nós: a verdadeira beleza reside no interior, além do alcance dos olhos. A reflexão da raposa enfatiza a primazia do sentir e do agir sobre o simples ato de observar. “É isso que tentamos fazer todos os dias e ensinar ao Bernardo Maria. Para que esta causa também seja dele”, concluem Magda e Paulo.