Irlanda do Norte. PM britânico defende que referendo não é prioridade

O acordo de paz de 1998 estabeleceu que cabe ao governo britânico decidir a existência de condições para a realização de um referendo, o que acontecerá se existirem indícios de uma maioria favorável à reunificação da província com a República da Irlanda

O primeiro-ministro britânico defendeu esta segunda-feira que a prioridade do governo da Irlanda do Norte deve ser servir os cidadãos e não um eventual referendo sobre a reunificação política da ilha da Irlanda.

Questionado sobre as declarações da nova primeira-ministra da região britânica. Michelle O’Neill, sobre a intenção de realizar um referendo para a reunificação com a República da Irlanda, Rishi Sunak respondeu que a prioridade não deve ser uma “mudança constitucional”.

“Esta manhã tive reuniões muito construtivas com o executivo (…) e este é um dia histórico e importante para o país, porque os políticos da Irlanda do Norte estão de novo no comando, tomando decisões em nome dos cidadãos, que é exatamente como deve ser”, disse Sunak. Esta é a “prioridade de todos agora, não uma mudança constitucional”, acrescentou.

O primeiro-ministro britânico esteve esta segunda-feira em Belfast, onde se encontrou com a Michelle O’Neill, do Sinn Féin, e com a vice-primeira ministra da Irlanda do Norte, Emma Little-Pengelly, do Partido Democrata Unionista (DUP).

O encontro decorreu no Castelo de Stormont, onde funciona a assembleia regional e está sediado o executivo autónomo, que foi restabelecido no sábado após dois anos suspenso.

O’Neill tornou-se a primeira primeira-ministra republicana da Irlanda do Norte desde 1998, ano em que foi introduzido o atual sistema político. Nos termos do acordo de paz daquele ano, o governo regional é gerido numa base de poder partilhado entre entre os principais partidos unionista e republicano.

Michelle O’Neill e  Emma Little-Pengelly têm responsabilidades e poderes iguais, mas o Sinn Féin tem o lugar de primeiro-ministro por ser o maior partido na assembleia na sequência das eleições regionais de 2022.

Durante a visita a Belfast, Sunak encontrou-se ainda com o homólogo irlandês, Leo Varadkar, que também declarou este um “dia histórico”. Varadkar vincou que muitas questões quotidianas precisam de atenção”, pelo que relativizou a possibilidade de um referendo na Irlanda do Norte.

“Penso que a prioridade de qualquer novo executivo, em qualquer governo de qualquer país, tem de ser as preocupações quotidianas das pessoas”, sustentou.

O acordo de paz de 1998 estabeleceu que cabe ao governo britânico decidir a existência de condições para a realização de um referendo, o que acontecerá se existirem indícios de uma maioria favorável à reunificação da província com a República da Irlanda.

O partido republicano e nacionalista Sinn Féin é a favor desta unificação, enquanto o DUP é contra.