As autoridades de saúde detetaram 223 casos de mutilação genital feminina em 2023. O número representa um aumento de mais de 17% face ao ano anterior e já há registo de 15 situações nos primeiros 31 dias de 2024.
De acordo com dados da Direção-geral da Saúde (DGS), entre 01 de janeiro e 01 de fevereiro foram registados 15 casos de mutilação genital feminina (MGF) na plataforma “Registo de Saúde Eletrónico”.
Já durante o ano de 2023 foram detetados 223 casos, o que significa um aumento de 17,3% face às 190 situações sinalizadas durante o ano de 2022. Os números daquele ano já representavam também um crescimento no número de casos de 27,4% face ao período homólogo.
No total, desde 2014, as autoridades de saúde registaram 1.091 casos de MGF.
“A identificação ocorreu em diversos âmbitos: consultas de vigilância da gravidez, parto, puerpério, e em consultas e internamentos nos cuidados de saúde hospitalares e cuidados de saúde primários”, refere a DGS, relativamente aos casos identificados em 2023.
A direção-geral acrescenta que nesse ano não foi detetado nenhum caso de MGF realizado em Portugal e que os casos identificados ocorreram na Eritreia, Gâmbia, Guiné, Guiné-Bissau, Senegal, Serra Leoa e Somália, não especificando o número exato de casos por país.
A entidade adiante ainda que mais de metade (50,7%) dos casos detetados nos cuidados de saúde hospitalares e primários foram do tipo I (remoção total ou parcial do clítoris e/ou do prepúcio), totalizando 113 situações.
Houve também registo de 96 casos do Tipo II (43%), em que é removido total ou parcialmente o clítoris e os pequenos lábios, podendo ou não haver excisão dos grandes lábios, além de 10 situações sinalizadas como de tipo III (4,5%), em que é feito o estreitamento do orifício vaginal através da criação de uma membrana selante, com ou sem excisão do clítoris.
Os dados foram enviados à agência Lusa por ocasião do Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, que se assinala esta terça-feira.