A Letónia reintroduziu o serviço militar obrigatório para dissuadir a Rússia de uma hipotética invasão da Europa, revelou esta quarta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros do país.
“Precisamos estar preparados para que os generais russos e as classes políticas russas vejam claramente que vir contra a Europa é impossível”, disse Arturs Krisjanis Karins em entrevista ao jornal britânico The Telegraph.
Karins salientou que o objetivo é enviar à Rússia uma mensagem clara que “as defesas europeias estão completamente à altura da tarefa”, que uma vitória não seria possível “sem perdas tremendas” ou que “nenhum ganho seria viável”.
O ministro letão afirmou que, embora não haja “nenhuma ameaça militar direta” contra um país da NATO, a Rússia está a preparar-se para essa possibilidade. “Só por ser difícil de imaginar não significa que [os russos] não possam tentar”, argumentou.
Karins sublinhou que mesmo que a Ucrânia vença a guerra, “a Rússia continua a ser uma ameaça” e se Moscovo conseguir ter sucesso no território ucraniano, poderá estabelecer outros objetivos. “É mais barato e muito mais inteligente apoiar a Ucrânia e, ao mesmo tempo, reforçar as nossas próprias defesas”, acrescentou.
O serviço militar obrigatório na Letónia vai abranger homens entre os 18 e os 27 anos, que terão de cumprir um ano de serviço militar, mesmo que vivam no estrangeiro.
O plano inclui sanções monetárias e até penas de prisão para quem recusar, embora haja exceções, como razões médicas ou familiares, ou cidadãos com dupla nacionalidade que já tenham prestado serviço militar no estrangeiro.
A Letónia aboliu o recrutamento militar em 2006, dois anos depois de aderir à NATO. Agora, o objetivo é ter uma força de 61.000 soldados pronta para o combate.