Em sondagem recente, os portugueses elegeram a Educação como segundo tema mais importante – depois da Saúde – a ser tratado na presente campanha eleitoral. Não é improvável que um tal reconhecimento resulte, em boa parte, da luta dos Professores pela dignificação da sua função e inerente valorização profissional neste último ano; todavia, se atendermos à própria noção de Saúde como “um estado de completo bem estar físico, mental e social e não apenas ausência de doença” (OMS), reconhecer-se-á a constante e íntima ligação entre Educação e Saúde.
Os grandes desafios da atualidade no plano nacional e internacional exigem mais e melhor Educação. Brevemente completar-se-ão 50 anos da Revolução de Abril, tempo de celebrar a liberdade, lembrar e reconhecer o que éramos e o que somos. E identificar justamente na Educação e na Saúde as maiores e mais importantes transformações.
Viver o presente com um futuro incerto e ignorando o passado parece ser uma característica cada vez mais atual; aproveitemos esta histórica efeméride para recordar, refletir e transmitir às novas gerações como, nas mais diversas e complexas condições e áreas de desempenho profissional – quantas vezes de sobrevivência feito – vivemos a sofrida desilusão da derrota e a inebriante exaltação da vitória. E, com saber de experiência feito, compreender que, como escreveu A. Saint-Éxupéri, “Há vitórias que exaltam, outras que corrompem; derrotas que matam, outras que despertam”. Preferível seria, num mundo dominado pela competição e em que a competitividade é exigida e premiada, compreender que vitórias e derrotas significam apenas resultados parciais e breves instantes na via do sucesso individual e coletivo a que todos aspiramos; sucesso de aprendizagem e superação feito, com a tranquila consciência de que fizemos o melhor que podemos, respeitando as regras e o outro.
Evidentemente, refiro-me à Educação integral como processo de socialização, de permanente aquisição do saber, conhecimento de mim, do outro e das circunstâncias; não apenas à educação-instrução como processo de aquisição e domínio de conhecimentos e técnicas. Uma Educação com valores, contribuindo para o bem estar e felicidade a que todos aspiramos, potenciando uma sociedade com mais segurança e menos polícia, mais justa com menos juízes, mais saudável com menos doença, mais verdadeira e íntegra.
Uma Educação que, sendo global e integral a todos respeita, dispensa erros e utopias, exige uma Escola acolhedora e exigente e Professores competentes, verdadeiramente educadores e felizes pelo privilégio da profissão que exercem.
Diretor da Faculdade de Educação Física e Desporto- Universidade Lusófona