As circunstâncias do momento ou as conjunturas tendem a querer limpar do terreno a visão integrada dos factos, como se a árvore pudesse ser considerada sem ter em conta a floresta. É como se alguém pudesse deixar de ser aquilo para o qual tem vocação, por ter um ano menos bom de colheita, de venda dos animais criados ou de cotação dos produtos agroalimentares no mercado.
Como em qualquer caminho percorrido haverá sempre possibilidade de fazer melhor, considerando os interesses em presença, os recursos existentes e os contextos em que se desenvolvem as atividades, mas houve caminho percorrido.
Ninguém poderá dizer que não houve e não há no Partido Socialista quem nunca tenha deixado de estar presente, fazer pontes e promover ativamente a capacidade produtiva da nossa agricultura, da pecuária e das pescas, colocando-se sempre do lado da construção de soluções.
Ninguém poderá dizer que não houve e não há quem defenda o Mundo Rural, as suas tradições, o esforço de inovação e de introdução de novas abordagens de sustentabilidade, mesmo perante impulsos de pseudo-modernidade urbana ou de insensibilidade perante a realidade concreta de quem contribui ativamente para a soberania alimentar, a identidade nacional e a afirmação de um setor importante para as dinâmicas locais, regionais e para as exportações.
Vivemos tempos exigentes, em que aos desafios estruturais se somam custos de contexto, por exemplo, nos fatores de produção, que geram novas dificuldades, enquanto encetamos a procura de pontos de equilíbrio para a sustentabilidade e a acomodação das alterações climáticas. Precisamos de novos pontos de equilíbrio, também com o contributo da distribuição e dos consumidores, de ajustar o que correu menos bem, na certeza de que há muito trabalho a desenvolver em Bruxelas e no país em defesa do perfil da nossa agricultura, pecuária e pescas, na sua diversidade, sem perder de vista a sua importância para as vivências das comunidades locais e para a economia nacional.
O trabalho desenvolvido na Comissão Parlamentar de Agricultura e Pescas sublinhou o reconhecimento estratégico do setor para a geração de dinâmicas positivas que devem ser protegidas dos excessos de burocracia, das orientações europeias insensíveis às realidades nacionais e dos fatores de riscos existentes, da produção ao consumo. Foi assim que acolhemos, demos voz e fomos ao território para contactar com as realidades concretas da produção, da criação e da afirmação de produtos de excelência da agricultura e da pesca que se constituem em marcas de identidade das comunidades e expressões diferenciadoras do país, pela sua qualidade.
É na mobilização das vontades, na conjugação dos interesses em presença, na procura de novos pontos de equilíbrio na sustentabilidade e na defesa intransigente do potencial produtivo do Mundo Rural que nos devemos focar. Na certeza de que os recursos são limitados, os riscos existem, mas a nossa ambição em fazer tem de ser superior aos bloqueios e aos problemas.
No Parlamento, houve voz, iniciativa e trabalho realizado, com resultados. Terá de haver ainda mais ação, com ajustes e correções, sempre com a ambição de afirmar o potencial produtivo do país, em terra e no mar, para um Portugal Inteiro.
O Portugal Inteiro, na agricultura e nas pescas, também nas florestas, será o que, com responsabilidade, proximidade e visão integrada, se coloca do lado da construção de soluções sustentáveis que tenham em conta a diversidade da realidade de quem produz e cria, valorizando os recursos naturais existentes.
O Portugal Inteiro coloca-se para valorizar a produção nacional, defender as melhores soluções em Bruxelas, intervir para que exista a adequada remuneração para quem produz ou cria e assegurar um bom posicionamento dos produtos para os consumidores.
Portugal Inteiro só será inteiro com o contributo da produção agrícola, pecuária e piscícola nacional. Como sempre, podem contar comigo.
Na qualidade de candidato nas eleições do 10 de março, pelo Partido Socialista, suspenderei esta minha participação regular.