França instou o Ruanda a pôr termo a «todo o apoio» aos rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) na República Democrática do Congo (RDC) e «retirar-se do território congolês». Paris diz ter grande preocupação com o «leste, particularmente em torno de Goma e Saké», considerando que «os ataques à integridade territorial da RDC são inadmissíveis» e que o «M23 deve cessar imediatamente os combates e retirar-se de todas as zonas que ocupa».
A declaração francesa foi feita antes do alerta dos EUA sobre a situação. Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU, terça-feira à noite, Washington avisou que Ruanda e RDC «devem afastar-se do limiar da guerra» e que a «comunidade internacional deve tomar medidas imediatas para pôr termo aos combates no leste da RDC e aliviar as tensões». Antes, o departamento de Estado norte-americano apelou à retirada do exército ruandês e pediu a Kigali que «retire os seus sistemas de mísseis terra-ar, que ameaçam a vida de civis, soldados das forças da ONU e trabalhadores humanitários».
O Ruanda rejeitou o apelo e as acusações. Segundo Kigali, as suas tropas estão a defender o território ruandês, numa altura em que Kinshasa está a levar a cabo um «dramático reforço militar» junto à fronteira. O governo ruandês fala em ameaças à sua segurança nacional, enquanto as autoridades congolesas exortam o Conselho de Segurança da ONU a exigir que o Ruanda retire as suas tropas do país sem condições prévias e que suspenda todo o apoio ao M23. Direitos humanos Entretanto, a representante especial da ONU na RDC manifestou «profunda preocupação» com as «graves violações» de direitos humanos e do direito humanitário internacional em áreas sob o controlo do M23. Pelo menos «150 civis foram mortos desde o reinício das hostilidades em novembro de 2023 […].
Além disso, o M23 continua a coagir os deslocados internos a regressar às aldeias em áreas sob o seu controlo, protegendo-se e armazenando munições em habitações civis, além de padrões documentados de recrutamentos forçados, incluindo o recrutamento e utilização de crianças nos territórios de Masisi e Rutshuru», denunciou Bintou Keita, acrescentando que «os combates agravaram ainda mais uma situação humanitária já terrível» . No plano político, o primeiro-ministro da RDC apresentou ao presidente a sua renúncia ao cargo.