Um quinto da população mundial (52 países) viu os seus direitos políticos e liberdades civis deteriorarem-se no ano passado, o 18º ano consecutivo de declínio da liberdade a nível global. O relatório anual divulgado esta quinta-feira acrescenta que apenas 21 países assinalaram melhorias.
Na base do declínio estão fatores como a “manipulação eleitoral, a guerra, ataques ao pluralismo”. A 51.ª edição do relatório “Freedom in the World” (“Liberdade no Mundo”), revela que quase 38% da população mundial vive em países classificados como “não livres”, enquanto 42% está em países “parcialmente livres” e apenas 20% em países “livres”.
Segundo o documento do ‘think tank’ sedeado em Washington, o território do Nagorno-Karabakh sofreu a descida mais acentuada em 2023, ao perder 40 pontos em 100, depois de quase toda a sua população de 120 mil arménios ter sido forçada a sair por pressão dos militares do Azerbaijão.
Seguiram-se o Níger – que viveu um golpe militar que depôs o governo democraticamente eleito – Tunísia, Peru e Sudão. O Equador passou de “livre” para “parcialmente livre” depois de organizações criminosas matarem vários candidatos políticos em época de eleições.
A melhoria mais significativa aconteceu nas Fiji, seguindo-se a Tailândia, Libéria e Nepal. Apenas a Tailândia melhorou o estatuto geral, passando de “não livre” para “parcialmente livre”.
Como exemplos de interferência eleitoral, incluindo violência e manipulação, são citados no relatório Camboja, Turquia, Zimbabué, Guatemala e Polónia. Mas nestes últimos dois países as tentativas de influenciar não impediram mudanças de governo.
Nos conflitos armados e ameaças de agressão autoritária, foi destacada a invasão russa da Ucrânia, que degradou “ainda mais os direitos básicos nas áreas ocupadas e provocou uma repressão mais intensa na própria Rússia”.
A Freedom House aponta que “a repressão nos territórios disputados foi em grande parte perpetrada por regimes autocráticos”. No entanto, “os governos democraticamente eleitos de Israel e da Índia foram cúmplices na violação dos direitos básicos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza e em Caxemira”.
O documento assina ainda que “Pequim continuou a reprimir as poucas liberdades disponíveis aos residentes de Hong Kong e do Tibete, enquanto o regime russo avançou nos seus esforços para reprimir as populações vulneráveis na Crimeia e alistar os habitantes na sua guerra de agressão”.