O branqueamento e a idealização que têm sido conduzidos sobre Navalny seriam patéticos se não fossem tão perigosos. Um herói?! Alexei debutou na política como organizador de marchas neonazis na Rússia e, de resto, manteve até ao final da sua vida que os imigrantes são baratas que devem ser eliminadas a tiro. Foi expulso do primeiro partido onde militou por ideias ultra nacionalistas e espalhou ódio que desembocou em assassinatos xenófobos. Esses grupelhos foram ilegalizados na Rússia só que o santo do ocidente manteve sempre a sua sanha e, por exemplo, numa entrevista ao Guardian em 2017, dizia não se arrepender do seu racismo primário.
Também não se trata de um modelo de combate à corrupção. Em 2013, foi condenado a cinco anos de pena suspensa por peculato e desvio de fundos. Em 2014, foi dado como culpado, juntamente com o irmão, de outro peculato. Ou seja, inicialmente não foi detido por motivos políticos mas por crimes como, de resto, também foi na altura reconhecido pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e pela própria Amnistia Internacional. De facto, pelo meio lançou a ‘Fundação Anticorrupção’ largamente financiada pelos EUA e pelo RU. De resto, as suas ligações ao Ocidente e até aos seus serviços secretos sempre foram mais fortes do que as suas ligações à própria Rússia, onde não goza nem de um décimo da popularidade que granjeia por aqui. Aliás, nem nunca sequer foi ‘o maior opositor de Putin’ como bale a carneirada. O maior opositor é o partido Comunista. Aliás, o seu braço direito nessa Fundação foi filmado a tentar sacar milhões a um membro da embaixada do Reino Unido em Moscovo. Já Navalny esteve em 2010 na prestigiada Yale a fazer um curso de liderança que tem preparado vários protagonistas para revoluções nos seus países. Contudo, convém não esquecer que apoiou a operação na Crimeia em 2014 e as intervenções militares na Abecásia e na Ossétia do Sul. Jogou em vários tabuleiros e estava pejado de contradições.
Sobretudo, Navalny lembra aquela velha tática estado-unidense popularizada pelo secretário norte-americano Cordell Hull. Esse diplomata diria sobre o ditador Rafael Trujillo da República Dominicana (que deixou um rasto de de milhares de mortes): «Ele é um filho da p», mas é o nosso filho da ‘p*’. O que confrange nesta história não é apenas a hipócrita deificação de Navalny mas o facto dos EUA, frustrados com o sucesso de Putin em manter a federação russa, não terem conseguido recrutar um ‘fdp’ mais eficiente. De resto, que ganharia o presidente russo com a morte de Navalny? Até o timing parece deslocado e contra producente.
Por fim, talvez o Ocidente pudesse carpir e lutar por Assange ou por Gonzalo Lira. Pelo menos não ficaria acusado de dois pesos e duas medidas. E se os EUA têm tantas dificuldades em explicar mortes como as de Jeffrey Epstein, talvez pudessem prestar atenção ao que está a ser difundido pelo Chefe de espionagem da Ucrânia-Kyrylo Budanov diz que Navalny morreu de coágulo sanguíneo, indo de encontro ao que chegou a ser divulgado pela própria equipa de Alexei.
Enfim, é insuportável ver o Governo português e tanta nata bem-pensante a darem o nazi-Navalny como um democrata, ecoando a narrativa da União Europeia. Essa mesmo que elegeu como prioridade o combate às fake news.