A Renault recuperou um modelo mítico e fê-lo com muito cuidado, diríamos mesmo com amor, para não estragar o que de bom foi feito. A história remonta ao princípio dos anos 70 quando surgiu um carro simples e com uma designação fácil de explicar: R significa Renault e 5 corresponde à potência fiscal da versão de lançamento. Agora, não há potência fiscal, mas há a designação E-Tech, que identifica os modelos 100% elétricos da marca francesa.
O modelo original era um carro único pelo design vanguardista, versatilidade e economia. A imagem arrojada conquistou mulheres, jovens e clientes das mais diversas camadas socioprofissionais. Entre 1972 e 1996 foram vendidas mais de nove milhões de unidades em todo o mundo. Avançando no tempo, o Renault 5 do século XXI foi pensado para as gerações jovens que têm expectativas diferentes num mundo em plena transição elétrica e digital. A comercialização do Renault 5 E-Tech começa em setembro com a versão mais potente de 150 cv (110 kW), para a qual ainda não há indicação de preço. Sabe-se, isso sim, que a versão de entrada com 95 cv (70 kW) vai custar 25.000 euros.
As alterações em relação ao concept car apresentado em 2021 são mínimas, mas curiosamente há muitos traços que recordam os modelos antigos (R5, Super5 e R5 Turbo). As linhas vincadas, sem serem angulares, capot curto, porta da bagageira inclinada que se prolonga até ao para-choques, rodas nos extremos da carroçaria (todas as versões têm jantes de 18 polegadas), óticas dianteiras e farolins traseiros na vertical fazem-nos lembrar o primeiro modelo. Um detalhe curioso, o indicador de carga da bateira na forma do icónico número 5 aparece no local onde estava a grelha de ventilação para o motor de combustão.
O interior do primeiro R5 tinha uma imagem jovem e um tablier refinado e decorado com listras verticais, o mesmo acontece no novo modelo. Onde não há comparação é na qualidade dos materiais, sendo que 25% são recicláveis. Destaque ainda para o painel de instrumentos digital de dez polegadas e para o ecrã central multimédia com a mesma dimensão. É através desse ecrã que podemos usar o sistema multimédia OpenR Link, com Google integrado e mais de 50 aplicações, e o novo assistente de viagem virtual Reno, um avatar interativo com verdadeira personalidade projetado para responder às perguntas e instruções do utilizador pois tem acesso a funcionalidades do ChatGPT. O Renault 5 E-Tech dispõe de sistemas de assistência ao condutor de segmento superior como a travagem automática de emergência em marcha-atrás, sensores dianteiros com manutenção de emergência na faixa de rodagem e sensores traseiros com manutenção de emergência na faixa de rodagem.
O Renault 5 original usava a mesma plataforma, suspensões e motores do Renault 4L lançado em 1961 – também ele vai ter uma nova geração em 2025. Os motores de 800 cc (36 cv) e 956 cc (47 cv) eram bastante económicos, foi o primeiro modelo a fazer uma média inferior a 5l/100 km, e isso caiu muito bem durante a crise petrolífera. Passados 52 anos estamos perante uma nova crise, agora ambiental, e o Renault 5 é a solução para a transição energética com o E-Tech. Os veículos e as baterias são montados na fábrica de Douai, onde foi produzido o R5 original.
Este modelo inaugura a plataforma compacta AmpR Small, dedicada aos automóveis elétricos do segmento B, vai ter um motor elétrico derivado dos Megane e Scénic com três potências: 150 cv (110 kW), 120 cv (90 kW) e 95 cv (70 kW). O motor de 150 cv está associado a uma bateria de iões de lítio de 52 kWh, que garante uma autonomia de 400 km, enquanto os motores de 95 cv e 125 cv são alimentados por uma bateria de 40 kWh, com autonomia de 300 km. O lançamento será feito com a versão de 150 cv, as outras motorizações serão lançadas em 2025. A versão de 52 kWh atinge os 150 km/h e acelera de 0 a 100 km/h em menos de oito segundos. Com um ponto de carregamento de 11 kW CA, a bateria de 52 kWh demora 4h30 minutos a carregar de 10% a 100%. A bateria de 40 kWh demora menos uma hora. O Renault 5 E-Tech tem um carregador bidirecional de 11 kW AC com a tecnologia V2L (Vehicle-to-Load) que permite ligar à bateria do automóvel um aparelho de 220V, como um aspirador, uma máquina de café ou um barbecue elétrico. O mais surpreendente é que o Renault 5 teve uma versão elétrica em 1971 que atingia 80 km/h e tinha 110 km de autonomia. O motor elétrico era alimentado por uma bateria de chumbo. Foram produzidas 100 unidades até 1974 com um preço de 18.000 francos (2.736 euros) – a versão a gasolina custava 11.957 francos (1.817 euros).