Um texto de e para nós, mulheres empreendedoras!

Devemos comprometer-nos a apoiar e capacitar as mulheres empreendedoras, para que possam alcançar seu pleno potencial e inspirar a próxima geração de líderes femininas.

À medida que nos tornamos sociedades mais inovadoras, predominantemente mais crítica naqueles que são os assuntos que nos envolvem, é crucial refletir sobre o progresso feito e os desafios restantes no caminho em direção à igualdade de género. Uma área em que vemos avanços significativos é no empreendedorismo feminino. As mulheres estão cada vez mais a romper barreiras, liderando empresas e moldando o futuro dos negócios. No entanto, ainda existem muitos estigmas e um longo caminho a percorrer…

“Porque é que são precisos programas de empreendedorismo feminino? As mulheres não têm dificuldade nos negócios, são tão competentes como os homens; e, pensando bem, toda a gente tem uma antiga chefe ou colega que era mais rija e melhor que os outros homens todos”.

Então porque é que devemos celebrar as nossas conquistas, quando falamos de empreendedorismo?

Porque ainda existe a opinião que não faz sentido separar com base no género, que não há necessidade de celebrar o empreendedorismo feito por mulheres porque elas têm as mesmas oportunidades que os homens, ou que se estão a promover lobbies. E as críticas mais ferozes vêm frequentemente de mulheres, que singraram nos negócios usando a sua garra, e que consideram que é tudo uma questão de atitude.

Mas a verdade é que a maior parte das mulheres que querem levantar um negócio nunca chegam a fazê-lo. Segundo o relatório da OCDE de 2021 sobre estes empreendedores que faltam em Portugal, 85% deles são mulheres contra 75% da média na OCDE, e algumas estimativas dizem que a nível mundial o PIB aumentaria 2% se estas mulheres tomassem a iniciativa.

E como é que podem trazer estes projetos ao mundo? Com estímulo das suas competências, redes de apoio e financiamento, mas com ingredientes diferentes, ou seja, com redes de apoio colaborativas, com formadoras e mentoras como exemplo, com uma atitude de propósitos de impacto e de ética transversal.

As mulheres não têm de se adaptar a um meio empresarial masculino e exigir aumentos salariais mais frequentes, aprender a espremer fornecedores e serem negociadoras mais duras.

O que proponho refletirmos neste texto, não é dar o foco à “criação de mulheres rijas, duras e competitivas”, pelo contrário. O objetivo passa por uma nova forma de fazer negócios, baseada numa ética transversal, empreendedores com valores pessoais que transparecem na sua forma de gerar projetos.

Vejamos, no empreendedorismo de impacto social e ambiental, a maioria das fundadoras são mulheres; já nas incubadoras de startups que pretendem escalar para serem unicórnios, a grande maioria dos fundadores são homens.

As mulheres procuram realizar projetos cujo principal objetivo é resolver um problema social ou ambiental, ou pelo menos ter essas preocupações com tanta força como a sustentabilidade financeira. E querem realizá-lo com afeto e emoção, numa postura empresarial colaborativa mesmo quando estão sozinhas no seu projeto.

Sentem-se mais atraídas por esta forma de fazer negócios, gostam de planear o seu projeto e ajudar as outras a planear o delas, e ter essa rede de apoio afetivo com os mesmos valores e onde podem ir buscar o conhecimento, o conselho e a emoção para ultrapassarem adversidades e seguirem em frente.

São precisos programas de empreendedorismo feminino feitos com esta base de criação de rede e partilha de manifesto, feitos por equipas de mentoras e formadoras mulheres que dão o exemplo, que pensam na pessoa acima do projeto, com apoio psicológico no desenvolvimento pessoal, que comunicam e promovem a transparência e que põe um afeto imenso e esperança nos sonhos destas mulheres, e que têm uma maneira sentimental de ser, estar, falar e escrever.

A segregação só se combate com inclusão, e fazer programas só com mulheres não é o objetivo a longo prazo nem restrito em si mesmo. Trata-se de colaborar com todos os que queiram juntar-se a esta nova forma de fazer negócios.

Mas há, sim, necessidade de criar por enquanto estes laboratórios de apoio com esta forma de atuar diferente para promover empresas melhores e mais mulheres empreendedoras.

Devemos comprometer-nos a apoiar e capacitar as mulheres empreendedoras, para que possam alcançar seu pleno potencial e inspirar a próxima geração de líderes femininas.

O futuro dos negócios é feminino, e cabe a todos nós trabalhar juntos para garantir que ele seja igualitário, inclusivo e diversificado.

A mudança está ao nosso alcance, e muitas das pessoas que podem ajudar nesta mudança são mulheres. Se lhes for dada a oportunidade de fazer um empreendedorismo diferente.

Especialista em Estratégia e Empreendedorismo feminino e de impacto Fundadora da Maroong e Drive Impact
Implementadora da Academy for Women Entrepreneurs em Portugal