A economia portuguesa vai crescer 2% em 2024 e 2,3%, em média, nos dois anos seguintes. Esta é uma das principais conclusões do mais recente boletim económico do Banco de Portugal (BdP), que justifica que “este crescimento beneficia do aumento do investimento e das exportações e supera o projetado para a área do euro”. Esta é uma perspetiva mais otimista que a de dezembro, quando esperava um crescimento de 1,2%.
As projeções do banco liderado por Mário Centeno apontam ainda para uma diminuição da inflação, a chegar aos 2,4% este ano, “apesar de efeitos temporários sobre os preços dos bens alimentares e energéticos ao longo do ano”.
No ano seguinte, a inflação situa-se em 2% e, em 2026, nos 1,9%. “A convergência da inflação para valores consistentes com a estabilidade de preços reflete menores pressões externas e os efeitos das decisões passadas de política monetária”.
No que diz respeito ao mercado de trabalho, o emprego deve continuar a crescer (0,7% em 2024 e 0,5% em 2025-26), tal como os salários reais. A taxa de desemprego deve manter-se estável em 6,5%.
O BdP adianta também que o consumo privado deverá crescer, em média, 1,9% em 2024-26, “num contexto de ganhos de rendimento disponível real e de aumento da poupança”. Já o rendimento disponível real das famílias sobe 4% em 2024 e 1,9% em 2025-26, “beneficiando da descida da inflação e das expetativas de redução da taxa de juro, da dinâmica dos salários e das prestações sociais, e da redução dos impostos diretos”.
Os dados mostram ainda que o investimento deverá crescer 3,6% este ano e 4,8%, em média, em 2025-26, “em reação à recuperação da procura global, ao alívio gradual das condições de financiamento e à maior execução financeira do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e de outros fundos europeus”.
No que diz respeito às exportações, estas vão manter-se “como um dos principais motores do crescimento da economia”, subindo, em média, 3,6% em 2024-26 e dando um contributo (líquido de conteúdo importado) de 0,9 pp para a variação média do PIB neste período.
“A capacidade de financiamento da economia situa-se, em média, em 3,9% do PIB entre 2024 e 2026, a mais elevada desde o início da área do euro”, diz ainda o Banco de Portugal em comunicado, adiantando que “o saldo da balança de bens e serviços atinge 1,5% do PIB em 2026 e o saldo das balanças de rendimento e capital aumenta 1,1 pp do PIB entre 2023 e 2026, em resultado de maiores transferências líquidas da União Europeia”.
E apesar dos bons números, há alertas. “Identificam-se riscos em baixa para a atividade e equilibrados para a inflação”. E acrescenta que “o crescimento da economia pode ser restringido, externamente, pela escalada das tensões geopolíticas, pelo abrandamento da procura externa e por um maior impacto do aperto verificado nas condições financeiras”.
Internamente, adianta ainda a instituição, “a incerteza na condução da política económica e os atrasos na execução dos fundos europeus são os principais riscos”.
No que diz respeito à inflação, “os riscos em alta associados a perturbações nos mercados energéticos são mitigados por um possível maior impacto das decisões passadas de política monetária nos preços”.