Os estafetas das plataformas digitais de entregas como Uber Eats, Glovo e Bolt Food vão parar esta noite nas principais cidades portuguesas. A paralisação tem como objetivo reclamar aumento do pagamento base por entrega e melhores condições de trabalho.
O porta-voz do movimento ‘Estafetas em Luta’ explicou que se trata de “uma paralisação e não greve porque não há contratos de trabalho”, nem nenhum sindicato “à mistura”. Segundo Marcel Borges, pretende-se sensibilizar, a nível nacional, os trabalhadores para as condições em que exercem a atividade.
“Vamos sensibilizar os colegas nos principais pontos em que se juntam à espera de pedidos de entrega, como centros comerciais, cadeias de ‘fast food’”, acrescentou Marcel Borges, advogado e que há cerca de quatro anos é também estafeta, depois de uma experiência como motorista de TVDE.
Entre os motivos para a paragem, entre as 18h00 e a meia-noite desta sexta-feira, Marcel Borges referiu a exigência do pagamento mínimo de três euros por entrega, além de mais 50 cêntimos por quilómetro percorrido em distâncias até 4,9 quilómetros e um euro extra para entregas num raio com mais de cinco quilómetros.
De acordo com Marcel Borges, citado pela agência Lusa, os estafetas recebem entre 80 cêntimos e 1,20 euros em cada entrega, o que implica “que têm de trabalhar muitas horas” para conseguir um valor razoável. O movimento ‘Estafetas em Luta’ pretende também impedir os “pedidos triplos”, de forma a evitar a deslocação do mesmo estafeta a três espaços diferentes para levantar refeições para o mesmo cliente.
Os estafetas defendem também a existência de “transparência na App [aplicação]”, considerando que deve ser detalhado “cada pagamento e procedimento, pagamento base, locais de recolha e entrega, momento do ‘aceite’, quilometragem parcial e total, cada extra por parte da empresa, cada gorjeta, tempo de estafeta ‘online’”.
Os estafetas pretendem igualmente o fim de “perseguições ao trabalhador e linha direta com a empresa”, lembrando o porta-voz do movimento que muitas vezes os estafetas são bloqueados na aplicação e impedidos de trabalhar sem saber a verdadeira razão para tal situação.
Quanto a expectativas sobre a adesão ao protesto, Marcel Borges disse que é “sempre uma grande surpresa”, podendo haver “uma grande adesão ou não”. “Vai ser uma paralisação pacífica, sem violência, sobretudo para consciencializar os estafetas a aderir por melhores condições laborais no seu futuro”, sublinhou.