Para a grande festa do ténis português foram convidados alguns dos melhores tenistas do mundo em terra batida. Dois deles estão no top 10 mundial pelo segundo ano consecutivo, caso do norueguês Casper Ruud (8.º), que regressa a Portugal para defender o título conquistado em 2023 e que conta no seu currículo com três finais do Grand Slam, e do polaco Hubert Hurkacz (9.º), vencedor de dois troféus Masters 1000. No quadro de singulares encontramos outros nomes importantes, caso de Dominic Thiem, campeão do US Open de 2020, e Gael Monfils, um dos mais espetaculares tenistas de sempre. Portugal está representado por Nuno Borges, 61.º do ranking ATP, e João Sousa, atual n.º 278 do ranking, que recebeu um wildcard da organização para poder participal.
A uma semana do início da competição ficou a saber-se que a prova não integra o calendário internacional em 2025. O Estoril Open faz parte da Association of Tennis Professionals (ATP) desde 1990, mas o alargamento para 12 dias dos Masters 1000 (exceção de Monte-Carlo e Paris) e a passagem de três torneios ATP 250 à categoria ATP 500 não deixam espaço para a realização do Estoril Open no próximo ano. Ao fim de 34 anos, a prova maior do ténis português deixa de figurar no roteiro internacional. A organização fez saber que “em conjunto com o ATP Tour, estamos a explorar todas as vias para que o torneio se realize em 2025 e anos seguintes, continuando assim uma longa e bem-sucedida colaboração”, explicou João Zilhão, diretor do torneio. No final de abril vai haver uma reunião do ATP, daí pode sair a solução para a continuidade da prova no calendário, mesmo que tenha de mudar de data e de superfície.
Despedida de campeão Voltando à parte desportiva, a edição deste ano marca a despedida de João Sousa após uma brilhante carreira de 17 anos. Considerado o melhor tenista português de sempre, decidiu deixar os courts aos 35 anos – comemora o seu aniversário no dia em que começa o torneio – devido a problemas físicos. Começou a jogar ténis aos cinco anos com o pai e até aos 15 anos dividiu o ténis com o futebol, tendo representado o Guimarães (clube da cidade onde nasceu) e os Sandinenses. Decidiu focar-se no ténis e, em 2007, tornou-se profissional. Ao longo da carreira disputou 11 finais de torneios ATP e venceu quatro: Pune (2022), Estoril Open (2018), Valência (2015) e Kuala Lumpur (2013). Participou também em provas do Grand Slam, tendo alcançado as meias-finais do Open da Austrália de 2019 em pares ao lado do argentino Leonardo Mayer. A longevidade é uma das características da carreira de João Sousa, que esteve entre os 100 melhores do ranking ATP durante nove anos. Em maio de 2016, obteve a melhor posição na variante de singulares com o 28.º lugar. “Os últimos tempos têm sido muito difíceis. Tive muitas lesões que me impedem de jogar ao mais alto nível. Tenho lutado contra isso, mas o meu corpo e mente têm dado sinais de muito cansaço e dores diárias. Após muita consideração, decidi retirar-me do ténis profissional e o Estoril Open vai ser o meu último torneio como tenista. É o cenário ideal para me despedir do ténis, mas não vou ao Estoril Open só para me despedir. Vou lá para vencer encontros. Essa é a minha ambição e tenho trabalhado nesse sentido. Vou dar tudo por tudo”, fez questão de frisar.
O quadro de singulares conta com 28 jogadores, 19 com entrada direta de acordo com a classificação ATP, dois jogadores que vêm das meias-finais do Masters 1000 de Miami, quatro jogadores apurados na fase de qualificação e três wild-cards para tenistas convidados da organização. A competição de pares conta com 16 equipas, 14 com entrada direta de acordo com a classificação ATP e dois wildcards. Vão ser utilizados três courts e em três dias a competição vai ter uma sessão noturna. Resta esperar que as condições atmosféricas joguem a favor da organização, as previsões não são as melhores.
Os milhares de espetadores que vão até ao Clube de Ténis do Estoril vão poder assistir às partidas dos seus tenistas preferidos e viver momentos inesquecíveis dentro e fora de campo, sim, porque há muita animação fora dos courts.
A reformulação do calendário internacional permitiu ao Estoril Open abrir a época em terra batida. É um piso lento e escorregadio que favorece os especialistas na arte de deslizar. A terra batida é também uma ajuda para os mestres no efeito ‘topspin’ já que as bolas ficam mais vivas depois de tocar o solo e difíceis de controlar pelo adversário. O facto de ser uma superfície lenta e dos jogos serem mais demorados beneficia os atletas em melhor forma física mas, em contrapartida, penaliza os jogadores ofensivos que gostam de subir à rede, a diferença é enorme quando comparado com o piso em relva.
O Estoril Open insere-se na categoria World Tour 250 com um Prize Money de 579.320 euros. O vencedor do torneio recebe 81.000 euros e acumula 250 pontos para o ranking ATP, o finalista vencido recebe 47.200 euros e 165 pontos. Há prémios monetários desde a qualificação, mas nem todas as rondas dão pontos para o ranking APT.