Muitos dias, acordamos de manhã e já nos apetece deitar. Outras vezes, ao deitar, estamos ansiosos para que chegue a manhã. E vivemos constantemente a procurar viver o que ainda não vivemos…
A existência tem, em si, um descontentamento, que não nos deixa viver hoje, transportando-nos, constantemente, para um futuro inexistente. Deixamos para amanhã o que poderíamos fazer hoje e queremos hoje o que só acontecerá amanhã.
Não tenho a menor dúvida de que, ao passar estes dias, se abre dentro do nosso peito uma pergunta: haverá solução para nós? Haverá solução para a nossa terra? Haverá solução para a nossa vida?
Até hoje, em Portugal, passamos um período de quase meio ano de promessas. Líderes que se digladiaram entre si para chegar ao topo dos seus partidos, depois lutaram contra os lideres dos outros partidos políticos para chegar ao topo da governação e, agora, estamos todos em suspenso a pensar que há muitos lideres e não sabemos se nos poderão governar.
Dê por onde der, sabemos, todos, que alguma coisa terá de mudar no futuro. Todos teremos de abdicar um pouco da nossa visão do mundo, para deixarmos que haja uma visão para todos. Nós, hoje, mais do que nunca, precisamos de encontrar solução para as nossas vidas, para a nossa saúde, para a nossa educação, para a nossa habitação.
Nós precisamos de quem cuide de nós… Precisamos de líderes que deixem de procurar tomar o poder e que exerçam o poder que já têm para cuidar dos habitantes frágeis desta Nação!
Estou seguro que, se perguntarmos à maioria dos portugueses, hoje, se vêm nos organismos públicos um aliado ou um inimigo, estou seguro que muitos responderão que encontramos em muitos dos nossos organismos um adversário à nossa estabilidade. Hoje, precisamos de lutar para termos as coisas mais básicas que são necessárias para a vida humana: saúde, educação, habitação, nutrição ou emprego são alguns dos exemplos!
Haverá alguma solução para algum destes e de outros problemas com que nos confrontamos? Talvez sim… Talvez não…
Temos, porém, de exigir dos gestores da coisa pública, apenas uma coisa: que se unam de uma vez por todas e façam um programa para o país sem se deixarem entusiasmar pelos seus próprios programas. A prova de que os portugueses não são propriamente partidários está no Alentejo. A pergunta mais pertinente que não consegui obter resposta para estas eleições é a seguinte: como é que uma região portuguesa onde o comunismo parecia entranhado até à medula é hoje um dos ninhos do ‘cheguismo’?
Não consigo obter muitas respostas e muitas justificações, porque está na cara que aquela região nunca foi comunista. Hoje percebemos que a posição política que tomamos depende muito das condicionantes sociais e humanas em que nos encontramos. Há muito poucos em Portugal que votem ideologicamente num partido por convicção. Os partidos são apenas para todos nós uma tentativa de tomar voz na governação da Coisa Pública.
Estou profundamente convicto que, não haverá consensos nem trabalhos conjuntos entre os partidos para a governação do país, num momento tão complicado. É triste, mas é a dura verdade! Não haverá uma aliança entre todos os partidos com medo de termos todos o mesmo destino do CDS nas próximas eleições. Talvez no meio da desgraça que se está a formar em Portugal, haja lugar para heróis que metam os interesses partidários de parte para pensarem naqueles que os elegeram.