Querida avó,
Nesta semana em que celebraste 81 anos vou, novamente, “usurpar” este espaço que é da avó e do neto. Esta minha ousadia é uma forma de te homenagear e de levar os teus leitores numa viagem às memórias dos teus 45 anos de obra literária, que comemoras este ano. Um bom momento para recordar parte da obra de quem ainda muito tem para revelar.
Foste inspiração para a “Estrela da Tarde” de Ary e para todos nós, jovens e adultos, muitos leitores até já se tornaram avós.
Escreves em revistas, livros e jornais, tocando fundo a netos, filhos e pais.
Quando te conheci não precisaste de “Meia hora para mudar a minha vida”.
Agora, octogenária e estafada, muitas vezes dizes: “Se perguntarem por mim digam que voei”.
Ao longo da tua vida tens escrito “Rimas perfeitas, imperfeitas e mais do que perfeitas”.
A vida não te deu uma “Rosa, minha irmã Rosa”, e nunca viveste no “Lote 12, 2º Frente”. Mas, após as quimioterapias, comeste muitos “Chocolates à Chuva”.
Recordas, com saudade, as “Águas de Verão” de Caldelas que anotaste no teu “Caderno de Agosto” enquanto pensavas em “Um Nome para Setembro”.
Contaste-nos os “Contos de Grimm Para Meninos Valentes”, os “Contos de Andersen para Crianças sem Medo” e também os “Contos de Perrault para Crianças Aventureiras”.
Com o livro “Mundo de Enid Blyton” mostraste-nos outra face da escritora britânica.
Nunca precisaste de fazer uma “Viagem à Roda do teu nome” pois todos reconhecem o teu mérito.
Como católica que és, as “Histórias da Bíblia” sempre fizeram parte da tua vida. Assim como sempre gostaste de contar ”Duas Histórias de Natal”.
Sempre tiveste um belíssimo olfato, como tal decidiste deixar esses sentidos nos livros com ”Cheiro a Chocolate, a Morango, a Baunilha e a Canela”.
És uma mulher do presente! Mas com o “Diário de um Adolescente na Lisboa de 1910” levaste-nos a conhecer Portugal antes da Implantação da República. Se tivesses vivido no tempo da Monarquia, duvido que dissesses ”Este Rei que Eu Escolhi”. Certamente ficarias com vontade de saber mais sobre “A Espada do Rei Afonso”. Irias falar muito das “Graças e Desgraças da Corte de El-Rei Tadinho” e rir muito a tentar decifrar a “Advinha do Rei”. Certamente irias escrever crónicas sobre o “Leandro, o Rei da Helíria”.
Com as “Expressões com História” recordas-nos, em pequenas histórias, o significado e a origem de tantos ditados.
Não sei o que diriam “Os Olhos de Ana Marta” ao lerem os teus livros. Provavelmente iriam rir com as tuas histórias ou então iriam “Olhar como quem Chove”.
Sempre defendeste os valores de Abril e em “Vinte e Cinco a Sete Vozes” recordas aos mais novos a importância da liberdade.
Deste-nos música com a “Paulina ao Piano” e, apesar de seres uma mulher com os pés bem assentes na terra, a tua cabeça andou bem longe pelo “Promontório da Lua”. Felizmente “A Lua Não Está à Venda”!
Poucos têm o privilégio de conhecer os teus dotes culinários! Com o livro “A Que Sabe Esta História?”, que escreveste com o Vítor Sobral, contas histórias de sempre, mas com muito humor e sabor!
Sempre que possível, fazes “Pezinhos de Coentrada”. Depois de uma belíssima refeição, nada como uma “Bica Escaldada”!
Nasceste com a primavera e sempre gostaste do cheiro da “Flor de Mel” e de estar junto das “Árvores que Ninguém Separa”.
Aos 75 anos foste surpreendida com os “Retratos Contados de Alice Vieira”. Com o “Livro da Avó Alice” dás dicas para todas as avós.
No “Diário da Avó e do Neto” entramos numa máquina do tempo para que o passado não seja esquecido.
Podia estar nisto semanas a fio. No entanto, tenho mais que fazer e “Às Dez a Porta Fecha”.
Os teus livros estão traduzidos em imensas línguas diferentes, com mensagens para todas as gentes.
Vieste de Torres Novas para Lisboa e tornaste-te numa mestre das palavras de primeira.
Hoje, quem te quiser ver é a descansar na Ericeira.
Feliz aniversário querida avó.
Bjs