A nuvem negra que paira sobre a Casa Real Britânica

A rainha Isabel II morreu em setembro de 2022. Desde então, parece que uma nuvem negra se instalou sobre a família real britânica. Guerras familiares, teorias da conspiração, sósias, doenças e escândalos sexuais. O que se passa com a aquela que é uma das famílias mais conhecidas e poderosas do mundo?

Após vários meses de conspirações sobre aquilo que estaria a acontecer com a princesa de Gales – que foi operada no dia 17 de janeiro e desde essa altura pouco tem aparecido -, o mundo foi surpreendido pela pior notícia que alguém pode receber: Kate Middleton está com cancro. O anúncio foi feito pela própria, na sexta-feira passada, nas redes sociais, num vídeo onde detalhou que a doença oncológica foi descoberta durante a «cirurgia abdominal programada» a que foi submetida no princípio do ano. Recorde-se que até então se falava na possibilidade de divórcio entre esta e William, numa possível gravidez, na eventual doação de um rim da princesa ao rei Carlos III, ou mesmo na sua morte. As especulações aumentaram depois de Kate ter publicado uma fotografia com os três filhos – para assinalar o dia das Mães no Reino Unido – que, mais tarde, foi retirada pelos meios de comunicação internacionais por ter sido manipulada. A princesa não demorou a vir pedir desculpa pelo sucedido, mas as desconfianças de que algo não estaria certo aumentaram.

Kate tem cancro

«Queria aproveitar esta oportunidade para agradecer, pessoalmente, todas as maravilhosas mensagens de apoio e a vossa compreensão enquanto tenho estado a recuperar da cirurgia», começa por dizer no mais recente vídeo publicado pela Casa Real. «Foram dois meses incrivelmente difíceis para toda a nossa família, mas tive uma equipa médica fantástica que cuidou muito bem de mim, à qual estou muito grata», continua. A princesa explica que foi submetida «a uma grande cirurgia abdominal», que, na altura, se pensou «não ser cancerígena». Mas apesar da cirurgia ter corrido bem, levou-a a outro diagnóstico. «Os exames efetuados após a operação revelaram a presença de cancro. Por isso, a minha equipa médica aconselhou-me a fazer uma quimioterapia preventiva e estou agora na fase inicial desse tratamento», revelou. Kate não especificou o tipo de cancro nem a fase em que este se encontra. Porém, garante estar a ficar «mais forte todos os dias». «Ter o William ao meu lado é também uma grande fonte de conforto e tranquilidade. Tal como o amor, o apoio e a bondade que têm sido demonstrados por muitos de vós. Isso significa muito para nós os dois», admite. Devido à doença e, apesar da Casa Real ter anunciado que a princesa de Gales voltaria às suas funções após a Páscoa, agora sabe-se que isso não será possível. «O trabalho sempre me trouxe um profundo sentimento de alegria e estou ansiosa por regressar, quando for capaz, mas por agora tenho de me concentrar em recuperar totalmente», disse.

No final do vídeo, Kate deixa ainda uma mensagem de força para todos os doentes oncológicos: «Neste momento, penso também em todos aqueles cujas vidas foram afetadas pelo cancro. Para todos os que enfrentam esta doença, seja qual for a sua forma, por favor não percam a fé ou a esperança. Não estão sozinhos», remata a nora de Carlos III, que foi um dos primeiros a mostrar-se «muito orgulhoso» pela «sua coragem em falar como falou» sobre o cancro que lhe foi diagnosticado. A informação foi avançada pelo próprio Palácio de Buckingham. O monarca – que também foi diagnosticado este ano com um cancro -, diz manter-se em estreito contacto com a sua «adorada nora». No dia a seguir à gravação do vídeo de Kate – segundo o jornal The Guardian, o vídeo terá sido gravado na passada quarta-feira, 20 de março – a princesa foi convidada pelo rei para um almoço no Castelo de Windsor.

A sósia de Kate

Antes de publicar o vídeo onde anunciou a doença, a princesa de Gales foi vista com o marido numa ida a uma das suas lojas preferidas, perto da sua casa de campo em Windsor. Segundo o The Sun, uma fonte contou que a princesa de Gales parecia «feliz, saudável e tranquila» enquanto visitavam a loja de produtos agrícolas. Mas, mais uma vez, o vídeo foi suficiente para fazer nascer mais uma teoria da conspiração em torno de Kate. Seria realmente ela? Não tardou até muitos considerarem que se tratava de uma sósia. Nas redes sociais, multiplicaram-se os comentários de que que a altura de Kate não seria a mesma do que a da mulher presente no vídeo. Segundo os mesmos, esta seria Heidi Agan, de 43 anos, que é contratada como dupla da princesa em várias partes do mundo, ganhando 760 euros por hora.

Mas, rapidamente, Hedi saiu em defesa da princesa de Gales, garantindo nada ter a ver com as imagens. «Eu não estive lá. Definitivamente, não era eu e acredito 100% que eram Kate e William no vídeo», afirmou ao programa This Morning no canal britânico ITV. Para a sósia as especulações têm ido «longe demais» e precisam de chegar ao fim. «Ela está viva, e podemos ter certeza disso. Foi tudo longe demais. Começou como uma piada sobre ‘onde está Kate?’, mas agora transformou-se num drama. Por isso, é preciso parar», defendeu.

A doença de Carlos III

Tal como referido, este já é o segundo caso de cancro na família em menos de um mês, dando a impressão que a morte da rainha Isabel II (há menos de dois anos) veio abalar a família. Carlos III foi diagnosticado no princípio de fevereiro, após ter sido submetido a um «tratamento para hiperplasia benigna da próstata». O tipo exato de cancro também não foi revelado. No entanto, uma fonte real disse à mesma publicação que não se trata de cancro da próstata, mas não especificou mais pormenores.

De acordo com o palácio, o rei acabou por adiar os compromissos públicos durante o tratamento seguindo o conselho dos médicos, mas continuará a tratar dos assuntos de Estado e da documentação oficial. «O rei mantém-se totalmente positivo em relação ao seu tratamento e espera regressar às suas funções públicas o mais rapidamente possível», acrescentou na altura.

Recentemente, Peter Phillips, sobrinho do monarca de 76 anos, disse que o seu tio se encontra frustrado pela pausa no «trabalho». Numa entrevista ao The Royal Report, Phillips garantiu que Carlos III mantém «um espírito positivo», contudo, não consegue deixar de se sentir «frustrado» pela quantidade de coisas que se vê impedido de fazer. «Acho que no final das contas ele sente-se frustrado. Está frustrado porque não consegue avançar e fazer tudo aquilo que deseja fazer (…) Mas ele é muito pragmático e entende que é uma fase na qual precisa de se focar nele mesmo», frisou ao jornal australiano.

Excluído da família?

Não é segredo para ninguém o afastamento que o príncipe Harry tem tido da família. Depois do lançamento da sua biografia bombástica, Spare, em português Na Sombra, onde este revela vários detalhes sobre o seu crescimento que não agradaram a família real; do documentário da Netflix, Harry & Meghan, onde o casal põe a nu várias intrigas no seio real, e da entrevista da duquesa de Sussex a Oprah Winfrey, onde afirmou que membros da família real britânica expressaram «preocupação» com a cor da pele do filho do casal, Archie, antes mesmo do seu nascimento, as coisas foram ficando feias entre o filho mais novo da Lady Di e de Carlos III e a família. E segundo o Sunday Times, nem mesmo a doença da princesa de Gales os aproximou. Aliás, de acordo com a mesma publicação, os duques de Sussex – que já emitiram um curto comunicado de apoio a Kate – não foram informados da doença de Kate, antes de o vídeo ter sido divulgado.

Segundo escreveu a editora real do jornal, Roya Nikkhah, estes não falaram com Kate antes da notícia «nem terá havido qualquer conversa privada entre os dois irmãos». «Desejamos saúde e cura para Kate e a família, e esperamos que eles sejam capazes de fazê-lo em particular e em paz», disseram Harry e Meghan através de um comunicado citado pela imprensa britânica.

O escândalo de André

Além das doenças e do afastamento de Harry, o Príncipe André – segundo filho de Isabel II e do príncipe Filipe -, também se viu envolvido num escândalo que abalou a família e que acabou por o retirar do Palácio de Buckingham. O Duque de York, de 62 anos, foi afastado das funções de membro da família real, depois de ter sido envolvido no escândalo de abuso sexual de menores relacionado com Jeffrey Epstein.

No final de 2022, Carlos III já havia proibido o irmão de utilizar o escritório em Buckingham. Em janeiro de 2023, os seus bens foram permanentemente retirados do espaço. «O rei deixou claro que o Palácio de Buckingham não é lugar para o príncipe André», disse na altura uma fonte ao The Sun. Além disso, foi-lhe vedado o acesso aos quartos.

Recorde-se que o caso de abuso sexual de menores contra o príncipe, apresentado por Virgínia Giuffre num tribunal de Nova Iorque, foi formalmente arquivado a 8 de março de 2022. As duas partes celebraram um acordo privado, onde André teria de pagar mais de 14 milhões de euros à alegada vítima. A mulher garantia que conheceu o príncipe no esquema de tráfico sexual organizado por Epstein, que se suicidou após ter sido preso em 2019. No entanto, o Duque de York negou sempre as acusações, dizendo mesmo não conhecer Virgínia.

No início de 2022, já a sua mãe o havia destituído dos títulos militares e das instituições de caridade. Nessa altura, André teve também de renunciar ao seu título de Alteza Real. E, em abril, acabou mesmo por perder o título honorário da cidade de York, uma decisão das autoridades locais e aprovada por unanimidade.

Não sabemos o que acontecerá a seguir, mas uma coisa é certa: são tempos difíceis os que se vivem na Casa Real. Será que tudo voltará ao “normal”?